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Entrevista: Luiz Cláudio e Denise Serpa, organizadores do Brasil Swing Out Extravaganza


Eles foram dois dos seis profissionais de dança estrangeiros escolhidos pela Fundação Frankie Manning como “embaixadores internacionais” daquela entidade, para divulgação do ritmo pelo mundo. Em entrevista exclusiva ao JFD, os professores, responsáveis pela organização aqui no Rio do festival Brasil Swing Out Extravaganza, nos contam um pouco sobre suas carreiras e sobre o movimento do lindy hop no Rio de Janeiro.

JFD: Que tal começarmos falando um pouco sobre vocês, para nossos leitores?

Luiz: - Sou professor da Casa de Dança Carlinhos de Jesus há mais de 16 anos. Ex-integrante da Cia de Dança Carlinhos de Jesus por 10 anos, onde participei de inúmeros shows no exterior e em todo Brasil. Também fui componente da Comissão de frente da Mangueira no mesmo período. Fiz a formação em tecnólogo em Dança de Salão pela faculdade Estácio de Sá, onde também ministro aulas de dança. Dou aulas de dança de salão e especializado em samba no pé. Todo ano recebo muitos alunos de fora do Brasil para as turmas de samba no pé. Nos últimos três anos também comecei a me especializar no Lindy Hop.

Denise: - Minha formação é em informática e psicologia, e trabalho na área de informática há muitos anos. Estudo dança desde os 8 anos de idade, principalmente jazz e ballet. Me interessei especificamente pela dança de salão em 2004. Fiz aulas em várias escolas para conhecer estilos diferentes. Desde o final do ano passado (2009) comecei a me envolver profissionalmente com a dança de salão, mais especificamente com o Lindy Hop. Começamos a trabalhar juntos pesquisando Lindy Hop e nos tornamos professores do ritmo, organizadores de eventos e bailes, e integrantes do grupo Rio Hoppers, formado no início deste ano para fazer apresentações profissionais e divulgar o Lindy Hop no Rio.

JFD: E pelos vistos a parceria está sendo um sucesso, vocês se tornaram embaixadores internacionais do Lindy, não foi isso?


Denise: - Fomos dois dos seis profissionais no mundo escolhidos como Embaixadores Internacionais da Fundação Frankie Manning, entidade que leva o nome do maior expoente internacional do Lindy Hop. A missão do embaixador é continuar o trabalho do dançarino, difundindo o ritmo no mundo, de acordo com os valores que ele sempre buscou: senso de comunidade, paixão, humildade e alegria. Com este programa, fomos a Herrang Dance Camp (Suécia), o maior festival de Lindy Hop no mundo, para estudar por 5 semanas a dança, a cultura, a música.

JFD: Como surgiu o interesse de vocês pelo Lindy Hop?

Luiz: - Nos interessamos pelo lindy em momentos diferentes. Meu interesse pelo lindy vem de muitos anos atrás quando vi pela primeira vez o dançarino Jack (Welington Lopes) fazendo os primeiros passos com sua parceira Betina. Comecei aprendendo com o próprio Jack e com o Bruno Barros, mas passei a investir mais fortemente a partir de 2008. Fui professor do Swing in Rio neste ano, na sua primeira edição, e também nos anos seguintes. No workshop do Mauro Lima, o Swing in Rio, demos a última oficina de lindy hop, cujo objetivo era trazer figuras que aprendemos com profissionais de fora do Brasil. Buscamos então trabalhar movimentos com acentuações e “breaks” na música, incentivando a brincaderia que faz parte do lindy hop. O workshop foi muito bom e o sucesso do crescimento do swing em geral (além do lindy hop, também west cost, balboa, rock...), foi sentido pelo sucesso da mostra de dança e do baile do evento.

Denise: – conheci o lindy participando como aluna do primeiro Swing in Rio em 2008 (evento anual de Swing – Lindy Hop, West Coast, soltinho, Rock, entre outros). Fiquei fascinada em saber que há uma dança específica para dançar Swing Jazz, pois é uma música que sempre fui apaixonada. Então com o Lindy foi paixão à primeira vista! Após o Swing in Rio, comecei a fazer aulas regulares com o Mauro Lima e Adriana Aguiar, no Espaço Improviso, onde fiz aulas por 6 meses no final de 2008, início de 2009.

Luiz: - Depois começamos um período de treinos juntos, com um grupo pequeno de profissionais: Roberto Queiroz, Rosângela Tozzi e Soraya Jorge. Em janeiro de 2010 fomos a um festival de Lindy Hop em Buenos Aires (o LHAIF). Foi uma experiência sensacional que abriu muito nossos horizontes, pois foi nosso primeiro contato com a comunidade internacional de Lindy Hop. Alguns dos melhores profissionais do mundo estavam no festival. A Argentina ter uma comunidade bem grande de Lindy. Além da experiência de dança e aprendizado técnico, também fizemos muitos novos relacionamentos que possibilitaram organizar eventos no Brasil.

Denise: - A partir desta data, passamos a organizar workshops trazendo professores de fora para aperfeiçoar a nossa dança e a dança dos alunos. Fomos ao LHAIF 2011 e ao Herrang Dance Camp 2011. Este último foi sem dúvida nossa experiência mais enriquecedora no Lindy, pois o evento recebe os melhores professores internacionais da dança, além das lendas Norma Miller, Dawn Hampton, e Chazz Young, entre outros, que fazem parte do evento como convidados especiais.

JFD: E foi nesse ano, de 2011, que vocês se firmaram como produtores de eventos de lindy hop, não?

Denise: - Em abril de 2011 organizamos um workshop de Lindy com Catrine Ljunggren (Suécia) e Elliott Donnelley (EUA) e em dezembro fizemos o Brasil Swing Out Extravaganza (BSOE), que foi a 1ª edição desse festival internacional que será anual.

JFD: Vamos falar um pouco sobre o lindy hop no Rio de Janeiro. Existe uma comunidade de dançarinos de lindy assim como existe a de tango?

Denise: - Existe hoje uma pequena comunidade de dançarinos de lindy (ou lindy hoppers), mas vem crescendo cada vez mais, tanto no Rio, quanto em São Paulo. Os grupos dessas cidades estão tentando integrar cada vez mais dançarinos de outros estados, como Minas Gerais e Rio Grande do Sul, para aumentarmos a comunidade brasileira de Lindy Hop.

Luiz: - O que é bacana é que é uma comunidade que tem se unido para realizar bailes específicos de lindy hop ou participar de bailes regulares de academias. Os profissionais envolvidos sempre procuram sincronizar as datas dos bailes e trazer seus alunos para os bailes das outras academias. Acreditamos que esta união é a chave para o Lindy crescer, além dos eventos para divulgar e expor o Lindy para pessoas que não o conhecem.

JFD: E quem quiser ver ou praticar essa dança, pode ir onde, aqui no Rio?

Luiz: - As escolas que fazem baile de Swing periodicamente são a Casa de Dança Carlinhos de Jesus, a Improviso e o Camarim (espaço do Wellington Lopes, o Jack). Mas também há práticas de Swing em outras escolas, mais focadas no West Coast.

Denise: - Além disso, há o Lindy na Lapa, organizado pelo professor Ezra Spira-Choen, que acontece toda quinta-feira na Lapa e é um dos locais que mais tem atraído novos alunos. Já o Lindy na Praia é um evento mensal e acontece uma vez por mês num quiosque do Leme (a data é sempre divulgada na página do evento no facebook). É um evento muito gostoso e descontraído, e que atrai um público leigo em dança. (Para os interessados, as divulgações dos bailes e eventos são feitas sempre no blog Lindy Hop Rio: http://lindyhoprio.blogspot.com/ )

JFD: Fora os bailes específicos de swing, é possível dançar lindy em um baile regular de dança de salão, nas músicas de soltinho?

Luiz: - Sim, com certeza! Normalmente algumas músicas de Swing Jazz tocam em bailes e muitas pessoas dançam soltinho sem sequer saber que existe o Lindy Hop. Atualmente, como o Swing vem crescendo, algumas academias começam a tocar mais músicas de Swing,, tanto para West Coast como para Lindy (apesar de normalmente serem músicas diferentes).

Denise: - Da mesma forma, dá pra dançar lindy hop em algumas músicas de soltinho e desde que tenham um bom swing, cabe super bem!


JFD: Nesse caso o casal tem que ficar no meio, para não prejudicar o fluxo anti-horário?

Denise: - Não precisa! Apesar dos bailes específicos de Lindy Hop não terem normalmente o fluxo anti-horário, quando dançando num baile de dança de salão os dançarinos se adaptam de alguma forma. Há vários passos no Lindy que passeiam pelo salão, pois não é uma dança em linha; na verdade, o Lindy é uma dança muito descontraída, cheia de brincadeiras e de improvisos o tempo todo, então não tem muita regra nesse sentido de espaço.

Luiz: - Nos bailes em Herrang, na Suécia, com a pista cheia com centenas de dançarinos de Lindy, há que se adequar ao espaço e não tem muito deslocamento no salão: cada casal procura dançar numa área, pra evitar bater.

Leia Mais:

  • Artigo de Denise Serpa, sobre o lindy hop, para a Revista Dança em Pauta, AQUI.
  • Entrevista de Flávia Monteiro ao JFD, sobre o Lindy Hop no Brasil e no mundo, AQUI.
  • Entrevista de Mauro Lima ao JFD, esclarecendo a diferença entre o swing americano e nosso “soltinho”, dentre outras informações, AQUI.
  • E todas nossas postagens sobre Lindy Hop, AQUI.

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