Pular para o conteúdo principal

Ritmos americanos

Nos embalos do Swing

Referência nacional em ritmos americanos, os professores Mauro Lima e Adriana Aguiar esclarecem algumas dúvidas sobre a diferença entre soltinho e swing

O professor Mauro Lima é formado em Educação Física e em Pedagogia, com pós graduação. Dá aulas de vôlei na escola do técnico Bernardinho mas sua paixão mesmo é ensinar danças de salão. Está na dança desde 1977, levado pela mãe, que o apresentou a seus primei-ros professores, os famosos dançarinos Russo (atualmente estabelecido em Goiânia) e Waldir Matos (falecido). Passou pela Cia Aérea de Dança, de João Carlos Ramos, e foi sócio de Marcelo Moragas em uma grande academia de dança. É referência nacional em ritmos americanos, que aprendeu a apreciar com os dançarinos da antiga, de antes da era do “soltinho”. Uma de suas alunas mais notáveis, Adriana Aguiar, veio a tornar-se sua partner, também como atividade secundária, já que é formada em Direito. Foi a eles que o Falando de Dança recorreu para saber mais sobre o swing, esse ritmo tão praticado no exterior e que, não se sabe exatamente quando, foi praticamente banido dos salões de dança do país.

Segue o texto da entrevista.

Diz-se que o soltinho não é um ritmo mas uma dança, que pode ser adaptada a vários ritmos, como o zouk, que se dança não só na música zouk mas em muitos outros ritmos como o reggaeton e músicas árabes. Vocês poderiam explicar aos leitores a diferença entre música, ritmo, estilo, dança?
- A música é "uma organização temporal de sons e silêncio", na música o rítmo é determinado pelo andamento e melodia e pode ser lento, moderado ou acelerado. Os estilos são Valsa, Samba, Swing, Bolero e etc. A dança são os movimentos adotados pelos povos para seus estilos musicais.

Em termos de dança a dois, no salão, o que se dança atualmente nos salões americanos e europeus?
- A Salsa está muito forte no mundo todo; o Tango tem sempre o seu público, mas quem está voltando muito forte na América e na Europa é o Swing.

O Swing é um ritmo americano mas existem outros, não?
- Os ritmos americanos compreendem o Fox blue, Fox trot, Swing e Rock and roll.

Quais suas origens/diferenças?
- São oriundos do Jazz e Rythm and Blues. Musicalmente é dificil explicar as diferenças. Para simplificar: o Fox Blue é bem lento; o Fox trot é médio com marcação de 4 tempos, assim como o swing. Nestes é característico a presença de instrumentos de sopro. O Fox trot geralmente é de andamento médio, já o Swing pode ser médio ou rápido. No Rock já percebemos a entrada predominante do baixo e o andamento varia assim como no Swing. Todos tocados por orquestras ou conjuntos com instrumentação forte no contra-baixo e nos sopros.


Você sabe de onde veio o soltinho, quem começou a disseminar essa forma de dançar?
- Eu danço há mais de 25 anos e quando comecei já se dançava o Soltinho. Mas alguns professores mais antigos, como o grande mestre Russo, dançavam o verdadeiro Swing, que é dançado lá fora, e foi com ele que comecei a minha história com estes ritmos. Nós sempre dançamos e tivemos grandes dançarinos, porém, por falta de informações, a dança aqui se modificou e nasceu o Soltinho que não é dançado em outros países. Acredito que o Soltinho é a mistura do Swing verdadeiro com a base do Chá-chá-chá (tempo, tempo, contra-tempo). Não se sabe onde e nem quem começou a dançar assim.

E por que você optou por se especializar em ritmos americanos, como isso aconteceu?
- Gosto de dançar quase tudo, mas quando toca um Swing meu coração dispara e também casei com uma dançarina que sente a mesma emoção.

Há quanto tempo dá aulas de ritmos americanos?
- Mais ou menos 10 anos.

Já deu aulas desse ritmo em que locais?
- Além das minhas academias, eu e Adriana demos aulas em muitas academias no eixo Rio – SP, citando algumas: Cia Aérea de Dança, Centro Cultural Carioca, Adriane Chilleli (Niterói) , Centro de Danças João Picolle, Casa do Bailado, Ponto de Encontro, Academia Estrapoulos (SP), Andrei Udlof (SP), Arte Manha e muitas outras. Quase todos os workshops do Rio que têm aulas destes rítmos nós somos convidados e isso é muito gratificante.

Você inaugurou recentemente um novo espaço, onde fica?
- Nosso novo espaço fica na Rua Cosme Velho 599.

Qual o perfil dos praticantes de ritmos americanos?
- Meia idade, gente que curte esse som.

Existem bailes específicos para a prática?
- Sim, os bailes orquestrados e o meu baile mensal, que realizo na minha academia, toda primeira sexta-feira do mês, das 20:00 à 01:00.

Algum trabalho específico sendo desenvolvido atualmente por você?
- Depois da decepção da novela O Profeta (trabalhamos muito e eles dançaram pouco) estamos preparando nosso calendário de cursos para 2008. Já temos alguns agendados e quem tiver interesse nos telefone: (21) 97085686/ 81233314.

Por que vocês acham que devemos saber dançar esses ritmos e não somente o soltinho?
- Não é um dever e sim um prazer, pois quem aprende a dança original percebe de imediato como se encaixa bem neste estilo musical. Além do mais, se você viajar poderá dançar Swing em qualquer lugar do mundo.

Há grande procura por aulas de ritmos americanos?
- Infelizmente não, mas a culpa é nossa ( profissionais ) que não tocamos estes estilos musicais nos bailes.
  • Fotos acervo Mauro Lima: de cima para baixo, Mauro Lima e Adriana Aguiar, em apresentação de ritmos americanos; Mauro Lima e seus alunos de volei, do CIB; Mauro Lima entre as atrizes Juliana Barone, Juliana Didone e Fernanda Rodrigues, às quais deu aulas de ritmos americanos para a novela O Profeta.
  • Leia mais: as origens do Lindy Hop (acesse AQUI).

Comentários

Anônimo disse…
Gostei muito da entrevista com o Profs. Mauro Lima e Adriana Aguiar. Quando entrei no mundo da Dança de Salão, em 1995, o estilo com o qual imediatamente me identifiquei foi o Soltinho. No final da década de setenta, ainda criança, lembro dos bailes ("festinhas americanas") no subúrbio carioca, onde se dançava a dois de forma parecida com o "Soltinho", inclusive com concursos de dança e premiação, com certeza por influência do filme "Os Embalos de Sábado à Noite", com John Travolta. Desde então, sempre quis aprender aquela forma de dançar a dois. Na década de 90, conheci e aprendi o "Soltinho". Aprendi outros estilos da dança a dois, que também me conquistaram, como o Bolero, o Samba de Gafieira, a Salsa, o Zouk, o Forró, mas o meu preferido, aquele que sempre acelera o meu coração, é o "Soltinho". Gostaria de aprender a dançar os legítimos ritmos americanos, mas ainda não tive oportunidade, pois atualmente moro em Boa Vista - Roraima.
Giovani.

Postagens mais visitadas deste blog

Álvaro Reis lança curso de metodologia para o ensino de danças de salão, saiba mais

É hoje! Você já se inscreveu? Começa hoje esta noite, o curso sobre metodologia de ensino Alvaro Reys, na academia do mestre, em Copacabana. O assunto foi destaque de capa da edição de janeiro/2017, em circulação desde o final de dezembro. Clique no link abaixo para acessar a matéria em pdf e saber detalhes. A proposta é passar para os profissionais da dança interessados em se reciclar, ou alunos interessados em se profissionalizar, a metodologia desenvolvida em décadas de ensino por Alvaro Reys. Informa Álvaro: "Ao final, os cursistas terão um novo potencial didático para a realização de seus trabalhos, com a assimilação de novas técnicas que complementarão sua visão profissional sobre o ensino de dançar a dois. É um curso rápido, até porque sei que quem dá aulas não dispõe de muito tempo para se reciclar". Fica a dica. Inf. 98111-3284. Leia AQUI a matéria sobre o curso de Alvaro Reis

Personagens da nossa história: Mário Jorge, o Rei dos Salões

Mário Jorge, o Rei dos Salões Ele foi um dos maiores dançarinos – se não o maior – de nossos salões. Isto dito por inúmeras testemunhas que o viram criar nas pistas movimentos hoje incorporados definitivamente aos ritmos dançados a dois. Um trágico acidente o retirou das pistas e ele virou lenda. Décadas mais tarde, ao ser homenageado em um evento, eis que ele encontra a mulher da sua vida, que o ajudaria em sua reabilitação e o colocaria novamente sob as luzes dos holofotes. Estamos falando de MÁRIO JORGE MESSIAS MATOS, o “rei dos salões”, como era chamado nos anos sessenta, que recentemente oficializou sua união com D. Íris Neira, queridíssima administradora da Academia Carlos Bolacha. Foi o casamento mais comentado dos últimos tempos (foto abaixo). “Nem provei do buffet, pois não paravam de nos fotografar”, comentou Íris. . Empenhada em pesquisar e divulgar a história do marido (“muitas fotos se perderam e, dos filmes, só consegui recuperar dois, que precisam ser restaurados”), Íris

Roteiro das Bandas: Conjunto Aeroporto

CONJUNTO AEROPORTO (Inf. 2280-2356/9994-5580 Sr José ) clique aqui para ver a coleção do Falando de Dança, de vídeos do conjunto Aeroporto AGENDA: veja no link "Roteiro das bandas e dj's patrocinadores" ****************************************************************