Pular para o conteúdo principal

O Resultado da Persistência: transcrição do editorial da ed. 43 do JFD sobre o projeto I Prêmio Cultura da Dança de Salão

Por Leonor Costa, editora do
Jornal Falando de Dança
Para alguns o tema pode está ficando enfadonho, mas voltamos a ele: os duzentos anos da introdução do ensino da dança de salão no Brasil.

Desde final de 2009 vimos insistindo na defesa do anúncio de 1811, publicado na Gazeta do Rio de Janeiro pelo professor de dança Luis Lacombe, como o marco zero da dança de salão no Brasil, posto que foi o primeiro registro de que se tem notícias de anúncio de danças de salão (até então privilégio da nobreza) para o público em geral. Foi com base em cópia do anúncio de Lacombe, entregue por Antônio Aragão ao então presidente da comissão de cultura da Alerj, deputado Alessandro Molon, que este apresentou o que se tornaria a Lei 5880/2010, declarando a dança de salão patrimônio cultural imaterial do estado do Rio de Janeiro.

Igualmente calcado nesse documento oficial é que Antônio Aragão, João Batista, Leonor Costa, Taíssa Dallarosa e Valdeci de Souza formaram o grupo de trabalho que resultou no projeto cultural I Prêmio Cultura da Dança de Salão, contemplado pela Chamada Pública 019/2010 (edital) da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro.

Essa conquista muito nos orgulha, assim como a iniciativa de alguns profissionais de dança de atenderem à nossa campanha pela comemoração do bicentenário, promovendo, eles próprios, eventos ligados ao tema, como foi o aniversário da Amazonas Dance, em Niterói, e como será o baile de Ângela Abreu programado para o dia 20 de julho. Sem dúvida, isso é resultado de muita perseverança. Contra informações errôneas a respeito do primeiro professor de dança de salão no Brasil (que muitos, apesar de nossas advertências, ainda creditam à Madame Poças Leitão, professora de etiqueta e dança da década de 1910, estabelecida em São Paulo). Contra questionamentos feitos por outras mídias, a respeito de dados históricos sobre a dança de salão carioca.

Mas essas poucas iniciativas não bastarão para romper paradigmas e dar o destaque que a ocasião merece, junto ao grande público. Precisamos de muito mais. Precisamos de engajamento por parte dos amantes dessa arte. A partir de maio haverá um link no site do JFD específico para os 200 anos da dança de salão, assim como uma página eletrônica que está sendo criada para o Prêmio Cultura. Conclamamos todos para que divulguem tais links em seus sites pessoais ou profissionais e repassem o release que receberão sobre as comemorações do bicentenário. Claro que não esperamos uma unanimidade em torno do assunto. Mas esperamos a prática da crítica construtiva e o respeito profissional e pessoal por parte de todos.

Comentários

r.Rafa disse…
Adorei o seu blog estou te seguindo passe la no meu e me siga tambem !!!

Postagens mais visitadas deste blog

Personagens da nossa história: Mário Jorge, o Rei dos Salões

Mário Jorge, o Rei dos Salões Ele foi um dos maiores dançarinos – se não o maior – de nossos salões. Isto dito por inúmeras testemunhas que o viram criar nas pistas movimentos hoje incorporados definitivamente aos ritmos dançados a dois. Um trágico acidente o retirou das pistas e ele virou lenda. Décadas mais tarde, ao ser homenageado em um evento, eis que ele encontra a mulher da sua vida, que o ajudaria em sua reabilitação e o colocaria novamente sob as luzes dos holofotes. Estamos falando de MÁRIO JORGE MESSIAS MATOS, o “rei dos salões”, como era chamado nos anos sessenta, que recentemente oficializou sua união com D. Íris Neira, queridíssima administradora da Academia Carlos Bolacha. Foi o casamento mais comentado dos últimos tempos (foto abaixo). “Nem provei do buffet, pois não paravam de nos fotografar”, comentou Íris. . Empenhada em pesquisar e divulgar a história do marido (“muitas fotos se perderam e, dos filmes, só consegui recuperar dois, que precisam ser restaurados”), Íris...

Um pouco de história

Madame Poças Leitão Por Carla Salvagni* Louise Frida Reynold Poças Leitão é o nome completo de Madame Poças Leitão, que chegou em São Paulo em 1914, deixando Lousanne, na Suiça. Logo percebeu que os jovens das famílias mais abastadas necessitavam urgentemente de noções básicas de etiqueta. Fundou então a aristocrática “Escola de Dança de Salão e Boas Maneiras”**, em São Paulo. A dança de salão estava incluída no conhecimento básico de etiqueta, era indispensável na vida social requintada. Madame Poças Leitão representou a primeira (senão única) e mais importante escola de dança de salão nas classes altas, em contraste com inúmeros professores que atuavam principalmente na periferia de São Paulo e Rio de Janeiro, vários associados às casas de prostituição e/ou bailes populares (mas isso já é outra história, que oportunamente trataremos). Assim, graças a essa divisão por classe econômica e nível social do início do século, até hoje define-se duas linhas básicas de trabalho e duas his...

Pole Dance: saiba um pouco sobre as origens da dança e conheça a professora de dança de salão que treinou o elenco global

A professora Alexandra Valença e suas alunas no Projac Como tudo o que aparece nas novelas, o Pole Dance, apresentado ao público na novela Duas Caras, ganhou destaque na mídia e despertou o interesse de leigos e profissionais para essa forma sensual de dançar.  Nesta matéria, saiba um pouco sobre as origens da dança e conheça a professora de dança de salão que treinou o elenco global. Dançar em volta de instrumentos verticais já era uma prática em culturas milenares da Ásia.  O nome Mallakhamb, por exemplo, designa uma modalidade de ioga praticada num varão de madeira ou numa corda. Já o Mallastambha consistia no uso de um varão de ferro por lutadores, para aumentar a força muscular.  De fato, os movimentos em torno da vara trabalha o condicionamento físico, fortalecendo, sobretudo a musculatura de braços, abdome e pernas. Como a conhecemos no ocidente, a dança na vara, ou Pole Dance, surgiu na Inglaterra, passou para a Europa e foi para os Estado...