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Um pouco de história

Madame Poças Leitão
Por Carla Salvagni*
Louise Frida Reynold Poças Leitão é o nome completo de Madame Poças Leitão, que chegou em São Paulo em 1914, deixando Lousanne, na Suiça.

Logo percebeu que os jovens das famílias mais abastadas necessitavam urgentemente de noções básicas de etiqueta. Fundou então a aristocrática “Escola de Dança de Salão e Boas Maneiras”**, em São Paulo. A dança de salão estava incluída no conhecimento básico de etiqueta, era indispensável na vida social requintada.

Madame Poças Leitão representou a primeira (senão única) e mais importante escola de dança de salão nas classes altas, em contraste com inúmeros professores que atuavam principalmente na periferia de São Paulo e Rio de Janeiro, vários associados às casas de prostituição e/ou bailes populares (mas isso já é outra história, que oportunamente trataremos).

Assim, graças a essa divisão por classe econômica e nível social do início do século, até hoje define-se duas linhas básicas de trabalho e duas histórias da dança de salão paralelas - com alguns pontos em comum, outros contrastantes. Nossa escola, de um lado, procura sempre atualização e modernização, do outro, a influência da Mademe em nosso trabalho é inegável, mantemos viva a prática de gêneros musicais presentes em seu curso, como a VALSA e o FOX. E respeitamos cada gênero musical (ritmo), sua dança, sua origem. Hoje não há mais preconceito com classes sociais, mas o perfil familiar e a elegância permanecem em nossa escola e entre nossos alunos. Com muito orgulho!

Fui aluna da segunda Madame, dona Nice, na verdade nora da primeira Madame. Ela manteve as tradições, ensinou várias gerações a se portarem elegantemente nos salões, e nos últimos anos permanecia verificando nossas unhas (que escondíamos, ah, que unhas roídas...), os lenços nos bolsos dos rapazes, e outros detalhes. Portava um chicotinho, que virou folclore (ela apenas se divertia ameaçando bater em quem dançasse de pernas abertas - e como ela se divertia nas aulas!), já que muitos temiam a punição com o chicote da Madame, antes mesmo de entrarem no curso!

A primeira Madame Poças Leitão parou de dar aulas em 1966 e morreu em 1974, aos 90 anos de idade. A segunda, minha professora, também faleceu com bastante idade (efeito da dança de salão?), em 1995. Hoje Eduardo, filho de Dona Nice, mantém a tradição viva com sua esposa Silvia - chamada carinhosamente de “Madaminha” - no Instituto Mizuki, no Itaim-Bibi e outros pontos de São Paulo.

(*) Carla Salvagni (foto ao lado) é professora de dança de salão em SP, dirige a Cooperativa de Dança Carla Salvagni e é presidente da Confederação de Dança Esportiva. No SBT, participou como jurada técnica dos programas Bailando por Um Sonho e I Campeonato SBT de Dança. Ilustrando a matéria, acima, foto de Miguel Cavallero tirada em jul/93, em que aparecem Carla, Chico Peltier e Mme Nice, em show dos campeões de dancesport, no Hotel Mofarrej, São Paulo.
(**) O Curso de Danças e Boas Maneiras Madame Poças Leitão continua em plena operação e acaba de completar 91 anos de existência.
(***) Este depoimento integra o ejornal da Coop. de Dança Carla Salvagni e também foi publicado na ed. 71 do Dance News.

Comentários

speedy disse…
Meu nome é Marina (Poças Leitão), que saudades de minha avó e tb de minha bisavó...
carlos Bortotto disse…
Dancei com a Madame em uma festa junina no Pueri Domus; à época eu era aluno do MArcelo Paladino e da Estella Aguiar, depois fiz 4 anos de aula com a Carla Salvani e o Chico Peltier.

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