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Aragão é editor do JFD |
Ao longo destes dez anos, coube a mim a ingrata tarefa de manter a “loja” aberta e faturando, garantido, assim, sua sobrevida. Não foram poucas as vezes que me estressei com anunciantes que descumpriam tratos; que me afligi com anúncios já diagramados no jornal e cancelados na véspera da impressão; que me decepcionei com clientes que nos pediam para anunciar a preço simbólico, alegando dificuldades financeiras, e, uma vez progredindo, sequer nos convidam para seus eventos. Alguns, patrocinamos total ou parcialmente as camisas dos eventos, usamos o carro do jornal no transporte, elaboramos peças de marketing, doamos flyers e banners de lona e fizemos assessoria de imprensa. Também foram alegrias e decepções, os resultados que colhemos das ações paralelas à impressão do jornal. Como as campanhas que deslanchamos e os projetos que desenvolvemos e apoiamos, sempre com foco na valorização da dança de salão e na conscientização de seus praticantes e profissionais. Mas a vida é assim mesmo, e, para compensar, temos o suporte de gente que reconhece nosso trabalho e nos ajuda como pode, além de amigos queridos que fomos ganhando ao longo desta jornada.
Mas, o que mais me angustia a cada dia 10, quando é iniciada a campanha de arrecadação de recursos para mais uma edição, é ver a preocupação da editora com o conteúdo do informativo. Se haverá espaço para publicar a pesquisa de fulano, ou a matéria de beltrano; se o jornal poderá apoiar a divulgação do evento tal, que sequer nos mandou release, mas que a editora julga ser importante registrar; se, enfim, manteremos a paginação ou teremos de reduzir o número de páginas para conter os custos. E, publicada a nova edição, lidar com sentimentos opostos, como a alegria de ver a pessoa correr atrás de mim para pegar a edição, sentar-se e efetivamente ler os artigos; e o aborrecimento com as críticas do tipo “não saí na foto”, “acho que merecia um destaque maior”, “meu nome é com acento”.
E assim, na “corda bamba”, estou aqui escrevendo este texto no décimo ano do jornal. Um feito e tanto, se considerarmos que raríssimos periódicos culturais alcançam essa idade. E, impresso regularmente, dirigido ao segmento da dança, o Jornal Falando de Dança é “o último dos moicanos”. A gráfica mudou, o papel também, a paginação encolheu, mas estamos, aqui, na missão que escolhemos, de registrar a história passada e presente desta cultura viva que tanto amamos. Como disse nossa editora na mensagem ao leitor da edição passada, estaremos aqui até quando os personagens desta cultura viabilizarem a existência deste meio de comunicação e divulgação. Um brinde à resistência!
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Antônio Aragão é diretor da Amaragão Edições, Produções de Eventos e de Dança Ltda, que edita o Jornal Falando de Dança
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