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Leonor Costa |
Diga-se de passagem que originalmente a dança não surgiu entre os franceses, mas nos campos ingleses, vinda de danças populares pagãs. Acredita-se que os ingleses tenham levado a "country dance" (country pode significar "da nação" ou "do campo") para a França durante o tempo em que detinham feudos neste país até o século 13. Com o tempo, a dança se espalhou por toda a França e chegou aos salões da nobreza onde, assim como aconteceu com o minueto, foi normatizada e sofisticada, transformando-se na "quadrilha francesa", assim denominada por requisitar no mínimo quatro casais para ser dançada. A quadrilha e demais contradanças francesas e inglesas tiveram seu apogeu nos salões nobres do século 19.
No início, os movimentos da quadrilha eram formais, os pares mal se tocavam, e ainda guardava, em suas mesuras e cumprimentos, uma semelhança com o minueto. Havia um encadeamento de contradanças autônomas, geralmente no total de 5, chamadas de "figuras", como se pode constatar assistindo a vídeos no YouTube.
Assista ao vídeo de uma quadrilha francesa dançada seguindo as formalidades do século 18, aqui:
Aos poucos, vários elementos de outras danças europeias foram sendo incorporados e sua coreografia foi se tornando mais elaborada e cheia de figuras, de tal forma que era necessário um casal líder conduzindo os demais, ou um marcador que comandava a sequência, função comumente exercida pelo anfitrião do baile ou por um mestre de cerimônia.
Fora dos palacetes, a população imitava a elite e desenvolvia suas próprias figuras da quadrilha. A música também refletia a criatividade de nossos compositores, que misturavam elementos musicias, influências dos conjuntos de choro e outras fontes de inspiração, como o lundum e o maxixe, criando uma cadência mais ritmada e alegre, a ponto de música e dança serem por vezes referidas, no Segundo Reinado, como "quadrilhas brasileiras".
A quadrilha integrou as danças sociais da aristocracia, convivendo com a valsa e outras danças de época, até as primeiras décadas do século 20, quando a evolução dos costumes e o surgimento do cinematógrafo (pai do cinema) e do fonógrafo (tetravô do iPod) mudaram a produção musical e as formas de se dançar socialmente.
Aos poucos, vários elementos de outras danças europeias foram sendo incorporados e sua coreografia foi se tornando mais elaborada e cheia de figuras, de tal forma que era necessário um casal líder conduzindo os demais, ou um marcador que comandava a sequência, função comumente exercida pelo anfitrião do baile ou por um mestre de cerimônia.
Fora dos palacetes, a população imitava a elite e desenvolvia suas próprias figuras da quadrilha. A música também refletia a criatividade de nossos compositores, que misturavam elementos musicias, influências dos conjuntos de choro e outras fontes de inspiração, como o lundum e o maxixe, criando uma cadência mais ritmada e alegre, a ponto de música e dança serem por vezes referidas, no Segundo Reinado, como "quadrilhas brasileiras".
A quadrilha integrou as danças sociais da aristocracia, convivendo com a valsa e outras danças de época, até as primeiras décadas do século 20, quando a evolução dos costumes e o surgimento do cinematógrafo (pai do cinema) e do fonógrafo (tetravô do iPod) mudaram a produção musical e as formas de se dançar socialmente.
Assista ao vídeo de uma contradança portuguesa que nos faz imaginar como seria uma quadrilha em bailes sociais do século passado:
Em pesquisa realizada em acervos de partituras e registros históricos a etnomusicóloga Rosa Maria Zamith* assinalou que partituras de quadrilha se encontravam em catálogo até 1915, mas observou que na inauguração do Hotel Central, no Flamengo, em 1916, a dança já não constava mais na programação da orquestra, que executou valsas, one-steps, tangos, ragtimes, polcas e, finalizando, o galop.
Embora tenha perdido seu lugar nos salões de bailes, a quadrilha continuou popular em eventos como batizados e casamentos, mas já partindo em direção às classes menos abonadas, de onde surgira. Em um filme da década de 1950, sobre a vida de Zequinha de Abreu (1880-1935), compositor famoso pela música "Tico-tico no fubá", vemos uma "quadrilha brasileira" sendo executada na festa de casamento do músico, no início do século 20 - não como dança folclórica, mas como dança social, já incorporada de vários movimentos adquiridos com o passar dos anos, como o valsado, que não existia em seus primórdios, quando os pares mal se podiam tocar.
Em pesquisa realizada em acervos de partituras e registros históricos a etnomusicóloga Rosa Maria Zamith* assinalou que partituras de quadrilha se encontravam em catálogo até 1915, mas observou que na inauguração do Hotel Central, no Flamengo, em 1916, a dança já não constava mais na programação da orquestra, que executou valsas, one-steps, tangos, ragtimes, polcas e, finalizando, o galop.
Embora tenha perdido seu lugar nos salões de bailes, a quadrilha continuou popular em eventos como batizados e casamentos, mas já partindo em direção às classes menos abonadas, de onde surgira. Em um filme da década de 1950, sobre a vida de Zequinha de Abreu (1880-1935), compositor famoso pela música "Tico-tico no fubá", vemos uma "quadrilha brasileira" sendo executada na festa de casamento do músico, no início do século 20 - não como dança folclórica, mas como dança social, já incorporada de vários movimentos adquiridos com o passar dos anos, como o valsado, que não existia em seus primórdios, quando os pares mal se podiam tocar.
Assista ao filme Tico-tico no Fubá no YouTube e repare nas danças e músicas do início do século 19, dentre as quais a quadrilha. No vídeo a seguir, a quadrilha é dançada as 7m30s
Conclui Rosa Maria Zamith: "No avançar do século 20, as danças oitocentistas, por tanto tempo apreciadas, desaparecem paulatinamente dos salões da cidade, mas algumas não são esquecidas pela sociedade e se tornam tradicionais. Foi o que aconteceu com a quadrilha, que se transformou e migrou para o ciclo junino".
- Acesse AQUI todos os nossos posts sobre quadrilha
- Acesse AQUI nossos posts com o marcador "um pouco de história":
*Textos escolhidos de cultura e arte populares, Rio de Janeiro, v. 4, n.1, 2007
**Leonor Costa é editora do JFD, foi curadora da exposição "200 anos de ensino de dança de salão no Brasil" (C. A. Calouste Gulbenkian, 2011) e pesquisadora da exposição "Rio Dança – os passos da dança carioca" (CCoRJ, 2012). Texto originalmente publicado na edição 81 (junho/2014) do Jornal Falando de Dança, que pode ser lida on line, AQUI
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