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Leia o editorial da ed. 74 (nov/13) do JFD



Semana da Dança de Salão: 

FALTA DE UNIÃO

O Estado do RJ foi a porta de entrada do ensino da dança clássica e da dança de salão (coincidentemente, pelo mesmo professor de dança, Luis Lacombe). Temos aqui, além da especialização em dança dos cursos superiores de educação física, faculdades de dança, cursos técnicos, cursos de extensão e pós-graduação. Somos também um dos três únicos estados com entidade sindical própria.

No caso específico da dança de salão, temos duas entidades representativas aqui sediadas (a Andanças - Associação Nacional de Dança de Salão e a APDS/RJ - Associação dos Profissionais e Dançarinos de Salão do RJ).

E, das linguagens da dança, a dança de salão é a que goza de leis municipais e estaduais que a beneficiam: Dia Municipal do Dançarino de Salão, Dia Estadual do Dançarino de Salão e Semana da Dança de Salão do Estado do RJ.

A Lei Estadual 5828/2010 declarou a dança de salão carioca patrimônio cultural imaterial do RJ. E temos até mais um projeto de lei em tramitação, criando o festival estadual de dança de salão.

Embora sirvam para dar embasamento legal a projetos culturais (como o nosso projeto das comemorações dos 200 anos de dança de salão, em 2011, contemplado em edital de cultura da SEC-RJ), essas leis não são auto aplicáveis, carecendo de regulamentação por parte do poder executivo, que não considera o assunto prioritário.

Uma forma de o poder executivo (entenda-se SEC e SMC) se sentir pressionado a reavaliar suas prioridades é através da demonstração de união e da atuação do segmento interessado (no caso, a dança de salão), daí porque desde o início de nossas atividades não só apoiamos como participamos de campanhas (pela aprovação da Lei 5828/2010) e grupos de trabalho (projeto de regulamentação da Lei 3400/2000 que criou a Semana da Dança de Salão, dentre outros) com tais objetivos. E aí chegamos ao assunto desta coluna, a SDS-2013.

Desde 2008 o JFD vem apoiando os esforços da APDS/RJ em fazer crescer em todo o estado os eventos comemorativos da Semana da Dança de Salão do RJ, como estratégia de fortalecimento da data e visibilidade da efeméride, para posterior pressão pela regulamentação da lei que a criou. Não é o único caminho a ser seguido, mas é uma estratégia válida, de baixo custo e potencial resultado: diretores de escolas e cias de dança de salão realizariam simultaneamente, às suas próprias expensas, durante a última semana de novembro, eventos comemorativos da Semana da Dança de Salão; a APDS/RJ liberaria sua chancela aos eventos inscritos em seu edital, emitiria certificados de participação e providenciaria a divulgação da grade de eventos. Tudo documentado, essa mobilização anual do segmento serviria como prova de união e de viabilidade da execução dos objetivos previstos na lei, embassando o pleito pela sua regulamentação.

A ideia só não está dando certo por um simples motivo: o baixo interesse do meio em participar do esquema. Apesar de ser assunto constantemente abordado aqui, todo o ano, pode-se apostar que a grande maioria dos profissionais da dança de salão, se perguntado, mostrará total desconhecimento da matéria ou desinteresse pela proposta da APDS/RJ. Afirmamos isso ao constatarmos que poucas pessoas responderam ao Edital de Chancela da SDS-2013 divulgado pela APDS (no JFD, em boletins eletrônicos, em sites e faces). Isso não obstante o mês de novembro ter eventos que bem poderiam integrar essa grade.

E eis que chegamos em novembro, mês da Semana da Dança de Salão, e poucos eventos participativos temos a divulgar (vide seção Roteiro de bailes e eventos). Resta-nos parabenizar os abnegados que se voluntariaram para realizar tais eventos e esperar melhor receptividade ano que vem. Afinal, a esperança é a última que morre. Quem sabe, um dia, o segmento da dança de salão compreenda que, juntos, somos fortes; separados, continuaremos a tentar alcançar o "monte" sem sucesso. Como na história dos dois burricos que ilustra esta seção.

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Leonor Costa é editora do JFD

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