Por Leonor Costa
Que a dança de salão é vista como uma das mais banais das linguagens do segmento da dança, isso já é bem sabido.
É vista assim tanto pelos “intelectuais” das outras linguagens, quanto pelos patrocinadores culturais. Basta verificar que nas grandes mídias e nos projetos sociais promovidos com verbas públicas o foco é maior para os benefícios físicos e mentais que a dança a dois proporciona.
Ora, analisando bem, toda a arte proporciona tais benefícios. Físicos, também, porque provoca alteração de hábitos, movimentação do corpo, etc. Então por que destacar isso somente na dança de salão, minimizando seu aspecto artístico-cultural?
Minha tese é de que a dança de salão está tão arraigada na nossa cultura (em especial, a do carioca), que há uma dificuldade em entendê-la como uma manifestação cultural distinta. Ela é diferente do ballet, para o qual há uma formação muito específica e que exige grande infraestrutura (grande palco, repertórios clássicos, orquestração). É diferente, no extremo oposto, às danças folclóricas, que requerem dedicação de seus mestres para que não caiam no esquecimento.
Essa cultura se manifesta em qualquer lugar no qual a música estimule um casal a se entrelaçar e se embalar. Por isso ela encanta, por isso os meios de comunicação a colocam em quadros de tv, em núcleos de novelas e em programas de variedades (no fechamento desta edição, Fátima Bernardes anunciava mais uma matéria de dança em seu programa, desta vez com Álvaro Reys e Andressa Soares).
Da mesma forma, esperamos, ano que vem, conseguir as mesmas atenções, ao escolher como temática para o 4º Prêmio Cultura da Dança de Salão o marco histórico dos 125 anos do último baile imperial (na Ilha Fiscal, seis dias antes da proclamação da República).
É o poder de marketing da dança de salão contribuindo para sua perpetuação.
Legendas das fotos:
Que a dança de salão é vista como uma das mais banais das linguagens do segmento da dança, isso já é bem sabido.
É vista assim tanto pelos “intelectuais” das outras linguagens, quanto pelos patrocinadores culturais. Basta verificar que nas grandes mídias e nos projetos sociais promovidos com verbas públicas o foco é maior para os benefícios físicos e mentais que a dança a dois proporciona.
Ora, analisando bem, toda a arte proporciona tais benefícios. Físicos, também, porque provoca alteração de hábitos, movimentação do corpo, etc. Então por que destacar isso somente na dança de salão, minimizando seu aspecto artístico-cultural?
Minha tese é de que a dança de salão está tão arraigada na nossa cultura (em especial, a do carioca), que há uma dificuldade em entendê-la como uma manifestação cultural distinta. Ela é diferente do ballet, para o qual há uma formação muito específica e que exige grande infraestrutura (grande palco, repertórios clássicos, orquestração). É diferente, no extremo oposto, às danças folclóricas, que requerem dedicação de seus mestres para que não caiam no esquecimento.
Essa cultura se manifesta em qualquer lugar no qual a música estimule um casal a se entrelaçar e se embalar. Por isso ela encanta, por isso os meios de comunicação a colocam em quadros de tv, em núcleos de novelas e em programas de variedades (no fechamento desta edição, Fátima Bernardes anunciava mais uma matéria de dança em seu programa, desta vez com Álvaro Reys e Andressa Soares).
Se consideramos seu aparecimento nos salões, mesmo que ainda não tão entrelaçada como a partir do século 19, podemos afirmar que essa linguagem de dança veio antes das demais (ballet, contemporâneo, jazz, streetdance, funk e até algumas danças folclóricas) e a forma como ela se desenvolveu lhe dá um conteúdo extra de grande valia, que é o histórico-social. Isso nos ajuda a entender porque dança social (como era conhecida a dança de salão quando surgiu), comportamento, etiqueta e moda estão tão interligados e despertam as atenções quando abordados de forma conjunta, como os recentes destaques na imprensa para o livro de Elaine Reis e para meu artigo na Revista de História da Biblioteca Nacional.
O mesmo já havia acontecido há dois anos atrás, quando lançamos o Prêmio Cultura da Dança de Salão para as comemorações dos 200 anos. (Só para lembrar, o marco foi assunto em matérias de jornais, revistas e reportagens na tv, além de um documentário sobre os 200 anos, na Tv Brasil, apresentado por Ancelmo Gois e Vera Barroso.)
Da mesma forma, esperamos, ano que vem, conseguir as mesmas atenções, ao escolher como temática para o 4º Prêmio Cultura da Dança de Salão o marco histórico dos 125 anos do último baile imperial (na Ilha Fiscal, seis dias antes da proclamação da República).
É o poder de marketing da dança de salão contribuindo para sua perpetuação.
Legendas das fotos:
- O poder de marketing da dança de salão: de cima para baixo, folder do Museu Histórico do Exército e Forte de Copacabana, com a mostra coreográfica do Prêmio Cultura da Dança de Salão; Revista de História da Biblioteca Nacional, com o artigo de Leonor Costa; nota na Veja Rio a respeito do artigo; e repercussão na imprensa de Belo Horizonte, do livro de Elaine Reis, editado pela AMAragão Edições (Jornal Hoje em Dia e Veja Belo Horizonte). Em comum, a associação da dança com comportamento e conduta social.
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