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Minha vida por um extintor! Leia a crônica de Elaine Reis para a coluna Pé de Valsa da edição de junho do JFD

Uma vez por mês coordeno oito dançarinos para o serviço de personal dancers em um tradicional clube de Belo Horizonte. Chego com antecedência e anoto, por ordem de chegada, o nome das belas senhoras associadas, para que eu possa indicá-las aos dançarinos, sem preterir ninguém.

Nessa dia que vou relatar, mal tinha estacionado o carro e o telefone celular registra uma chamada da minha empresa. Era um dos professores da casa, desesperado, dizendo: "Um fiscal da prefeitura e outro do corpo de bombeiro estão aqui na academia, dizendo que vão interditar tudo". Quase enfartei. Mas respirei fundo e pedi para conversar com um dos fiscais ao telefone. O poder de coação do cidadão foi tão grande que ao final da conversa eu estava em prantos. Liguei imediatamente para o meu sócio-marido, pedindo-lhe que fosse direto para a empresa, já que eu não poderia faltar ao meu compromisso.

Bem, este texto tem o intuito de avisar aos donos de espaços de dança, que ali realizam bailes e eventos, de que nenhum lugar pode ser interditado se não oferecer risco iminente ao público - o que não era o nosso caso e pelo que nossa empresa não foi interditada. O fiscal tem a obrigação de notificar o estabelecimento e este tem o dever de cumprir, dentro do prazo estipulado, as medidas de segurança determinadas.

Estas linhas são um desabafo, pois, após vinte e dois anos de existência, cumprindo todas as obrigações fiscais, sanitárias, etc., e com certidão negativa emitida por todos os órgãos (municipal, estadual e federal), achei um absurdo a forma como fomos tratados. Nós, microempresários, somos responsáveis por milhares de empregos em nosso país e não somos tratados dignamente por muitas instituições.

Resumindo, tive que pagar a um engenheiro por um laudo de segurança. Não preciso dizer da dificuldade de pagar este projeto, para no final das contas termos que colocar apenas mais um extintor de incêndio e três lâmpadas de emergência. Tivemos também que fazer um seguro contra terceiros, mais uma despesa anual.

Mas o prazo dado para providenciar o laudo foi de UM dia, e o do seguro contra terceiros foi de sete dias corridos. E isto tudo aconteceu na quarta-feira que antecedia a Semana Santa, que covardia!

Concordo com a fiscalização, sobretudo depois que vimos as consequências trágicas do incêndio na boate da cidade de Santa Maria. Aliás, na verdade, a fiscalização deveria existir sempre. Mas dar prazo de vinte e quatro horas? Em véspera de feriado?

Enfim, tudo providenciado, podemos dizer aos nossos alunos e convidados que nossa academia está dentro de todas as normas de segurança exigidas pela legislação. Assim, vocês podem dançar em nossos bailes com toda traquilidade. E observem se esta garantia está nos espaços públicos que frequentam, pois isto é o seu direito. Depois que uma tragédia acontece não adianta "chorar o leite derrramado".

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Elaine Reis é professora de danças de salão e proprietária da Academia Pé de Valsa, em BH. Visite o site da academia: www.pedevalsa.com.br

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