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Entrevista com Yolanda Braconnot: a luta para salvar a AAVI


Dia 08/05/13 uma pequena assembleia seguida de coquetel comemorou os 63 anos de fundação da Associação Atlética Vila Isabel. Durante esses anos, o clube foi uma referência no bairro, suas equipes esportivas se destacavam em campeonatos, e esteve intimamente ligado à história do bairro que lhe dá o nome. 

Hoje o bairro cresce vertiginosamente e o clube é um dos poucos locais ainda disponíveis para grandes encontros culturais.

O Vila, porém, periga acabar. Além de enfrentar as dificuldades financeiras para se manter, pelas quais estão passando os grandes clubes, com raríssimas exceções, a AAVI teve seus terrenos arrematados em leilão, para dar lugar a mais um grande empreendimento imobiliário no bairro. 

A perseverança de sua presidente e a dedicação da atual diretoria, porém, conseguiram encontrar uma saída para impedir a demolição do clube. É sobre essa luta que Yolanda nos fala nesta entrevista.

Sua gestão foi marcada por muita luta para preservar a AAVI, que teve seus terrenos arrematados em leilão para saldar dívidas cobradas judicialmente. Como foi isso? Legalmente, como está a situação do clube?

As dívidas que geraram os leilões foram na área cível (uma janela que caiu em 2004 e uma dívida do clube com um diretor contraída em 2000). 

Dois dos três terrenos que compõem as instalações do clube foram leiloados e arrematados: um leilão em 2009 e outro em 2010. Quando voltei à presidência do clube, em setembro de 2011, quase ninguém acreditava na possibilidade de mantermos o clube. 

Eu costumo dizer que, felizmente, não me deixei contaminar pelo pessimismo geral e abri três frentes de ação: na área da justiça, na área política e na religiosa, pedindo muita ajuda e proteção a São Jorge. Na área da justiça conseguimos nestes dois anos cassar os mandados de imissão na posse, conseguidos pelos arrematantes. 

Infelizmente, nesta área jurídica, não podemos hoje fazer mais nada, além de retardar a posse dos terrenos. Na área política, consegui, em fevereiro de 2012, ser recebida pelo prefeito Eduardo Paes que, no dia 5 de março do mesmo ano, assinou o Decreto 35.186 que estabelece a utilidade pública de nossos endereços, para fins de desapropriação. 

Esta é hoje a nossa única chance de salvar a AAVI. Neste momento estamos acompanhando e tentando apressar o processo de desapropriação. Os arrematantes sabem que não poderão construir nenhum empreendimento em nosso espaço e, sendo assim, o que desejam é o ressarcimento do que pagaram nos leilões.

Por que a preservação do clube é importante para o bairro?

Além de ser, hoje, um dos poucos espaços ainda existente no bairro para atividades esportivas e sociais de grande porte, há o aspecto histórico e social. A atividade social do clube em décadas passadas foi muito importante para os moradores de Vila Isabel. 

Pessoas se conheciam aqui, casavam aqui, traziam seus filhos para praticar esportes aqui, suas filhas debutavam aqui. Ainda hoje é muito comum encontrar pessoas que estudaram no clube (aqui funcionava um maternal e um jardim de infância). 

O clube permite a integração de pessoas de diferentes idades e interesses, com seus eventos culturais, sociais e desportivos, muitos sequer pegam condução. 

Temos serviços relevantes para a comunidade, como posto em campanhas de vacinação e zona eleitoral, além de oferecer atividades gratuitas em projetos sociais, como os projetos Viver Melhor e Suderj 2016.

Qual sua estratégia para que o clube seja autossustentável, já que é notória a crise nos clubes com a baixa arrecadação da contribuição associativa?

Realmente não conseguiríamos sobreviver apenas com a contribuição de mensalidade de sócios. Precisamos cada vez mais nos reinventarmos. 

Na AAVI fazemos parceria para realização de grandes eventos, como o do Celebrare, dia 25 de maio, e diversos shows com artistas e grupos de renome.

Que atividades o clube oferece aos associados?

Piscina, sauna, aula de dança de salão, natação, hidroginástica, ballet, jazz, sapateado, alongamento, tai chi chuan, judô, jusjitsu, escolinha de futsal. Os sócios têm desconto em todas as atividades.

E para quem gosta de dançar, como está a programação?

Temos programação para todos os gostos. Às sextas temos o Botequim do Noel, com o Grupo Luminoszidade, a partir das 21h. Aos sábados temos os bailes de dança de salão, das 18h30 às 22h30. 

Aos domingos temos nosso almoço dançante com música ao vivo, das 13 às 17h. No segundo sábado do mês temos o Flashback in Vila e, no terceiro sábado, teremos, a partir de julho, o Vila Black Charme.

Mais alguma declaração?

É um grande prazer fazer parte desta edição do Falando de Dança, que é um veículo importantíssimo para os amantes da dança.

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