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Uma reflexão sobre a dança de salão no palco

O vídeo abaixo foi postado no Facebook com o seguinte comentário:

Essa é para todos os funkeiros.. Isso sim é uma DANÇA SENSUAL...



O vídeo é belíssimo, grande espetáculo, como deve ser a dança que se propõe cênica (de palco). Fruto certamente de muito estudo, aprimoramento técnico e muito ensaio, unindo sentimento à performance. Mas existem várias outras linguagens de dança que não se encaixam nesse perfil e que nem por isso devem ser desmerecidas.

No caso de nosso segmento da dança de salão, a dança é sobretudo entretenimento, lazer e manifestação cultural. Mas é também artística, sim, basta observar nas pistas o improviso e a evolução coreográfica de nossos talentosos dançarinos (alguns, até, têm um resultado coreográfico melhor quando improvisam do que quando se apresentam). 

Todavia, a partir do momento em que esses talentosos dançarinos decidem se profissionalizar e exibir seu talento como espetáculo (isto é, todos sentados, apreciando sua exibição), o enfoque deve ser outro. Aí, sim, há que se esforçar para sair do lugar-comum, dos estereótipos que nos constrangem enquanto espectadores-dançarinos ("mas isso eu vejo, e melhor, nas pistas de dança", "será que eles estão escutando a música?", "isso foi mais acrobacia do que dança, anunciaram errado", etc, são alguns comentários sussurados que ouço).

Outro vídeo postado na mesma rede social ilustra o que acabo de expor, com Anderson Mendes e Brenda Carvalho, estreando nova coreografia de samba de salão show, no Munster Salsa Festival 2013, na Alemanha : 


Fica o recado aos artistas-dançarinos que desejam prosseguir com sucesso na carreira (entenda-se: participações em shows, congressos e festivais, como este):  façam como Anderson e Brenda, estudem, se especializem, cultivem a musicalidade e a sincronia e, antes de se apresentarem, façam muuuuuuuuuuuuitos ensaios. 

Ah, e treinem bastante com as roupas que vão usar na exibição. Ninguém merece ser atingido por calçados e acessórios, ou se constranger ao ver calças arriadas, alças arrebentadas, decotes caindo na cintura ou vestidos subindo até o pescoço.

Por Leonor Costa
Editora do Jornal Falando de Dança

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