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Leia aqui a coluna "Fala Aragão" da edição de março/2013 do JFD: "Voltando a falar de política"


Na edição de dezembro de 2012, publicamos matéria com o título "Incertezas com as mudanças de titulares das secretarias municipais", em que nos mostrávamos apreensivos com a troca do titular da Secretaria Municipal de Cultura: Emílio Kalil (ex-diretor do Grupo Corpo e dos teatros municipais do Rio e de São Paulo, portanto com forte vínculo com a dança) fora substituído por Sérgio Sá Leitão (especializado em audiovisual e que acumularia a função com o cargo de diretor da RioFilme).

Quando Emílio Kalil assumiu a SMC, ele recebeu representantes da dança que lhe municiaram com dossiês sobre as reivindicações do segmento e a necessidade de levar adiante a efetivação do Conselho Municipal de Cultura. 

Consequência ou não, o fato é que na gestão de Kalil a dança obteve avanço significativo na área de políticas públicas: Denise Acquarone foi eleita para o Conselho Municipal de Cultura, representando a dança; foi criada a Gerência de Dança, tendo como titular Diana De Rose; foi lançado um Fundo de Apoio à Dança (Fada); o CCoRJ abrigou projetos de variadas linguagens da dança (inclusive congressos, mostras e espetáculos de dança de salão); e trabalhou-se pela memória da dança, com lançamento de livros apoiados pela SMC e com a exposição Rio Dança no CCoRJ (na qual a dança de salão teve grande destaque).

Porém, os movimentos ligados à dança relaxaram a pressão (nem vou comentar sobre a dança de salão, que nunca se manifesta a respeito, numa alienação preocupante), e não se deram conta do risco com a troca do titular da SMC, que agora extinguiu a gerência de dança, enxugou ainda mais a equipe do CCoRJ e periga reformular os Fundos de Apoio, Fada inclusive. Isso, somado à decisão da Prefeitura de fazer um pente fino nos itens de segurança dos equipamentos culturais, está agora movimentando os artistas cariocas, que se mobilizam através do Reage Artista e do Reage Dança (vejam matéria a respeito nesta edição).

A mobilização da classe da dança, pelo que presenciei na reunião do Reage Dança do dia 20/02, é justa e conta com uma nova geração de artistas esclarecidos, interessados em fazer acontecer. Porém, como bem disse na ocasião a coreógrafa Márcia Milhazes, estamos discutindo novamente problemas que já foram levantados há 20 anos e não podemos ficar indefinidamente à mercê da boa vontade do secretário de cultura da vez.

Devemos pressionar, sim. Reivindicar junto ao novo secretário de cultura, sim. Mas devemos também nos manter mobilizados e exercer pressão para que nosso conselho municipal de cultura esteja de fato funcionando e exercendo suas atribuições. Para que estejamos resguardados por políticas de Estado e não à mercê das políticas de governo.

E você, leitor, que vive da dança, não deve se alienar e deixar que os outros trabalhem para valorizar o seu ganha-pão. Ao menos procure se manter informado e atenda à convocação quando as manifestações públicas se fizerem necessárias. Participe, nem que seja fazendo figuração no meio da multidão.

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Antonio Aragão é diretor do JFD

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