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Nota de pesar: Gilberto Vianna Rechinho, o Gilberto da Lady

Em foto de Cristiano Santos, no baile do Dia do Dançarino
(21/07/12),Gilberto e Lady sendo homenageados pelo JFD

Comunicamos com pesar o falecimento de Gilberto Rechinho, aos 86 anos, dia 12/10/2012.  

Gilberto formava par com a esposa Lady e eram figuras muito queridas na comunidade da dança de salão do Grande Rio, principalmente entre os frequentadores do Mackenzie (zona norte do Rio) e do baile das sextas da Rio Sampa (Nova Iguaçu).

Boêmio desde os tempos dos dancings clubs, há quarenta anos formava par com Lady, com quem ganhou diversos troféus.  A última homenagem que recebeu foi no Baile do Dia do Dançarino, dia 21/07/12, das mãos de Antônio Aragão, do Jornal Falando de Dança, em cujas páginas o casal apareceu diversas vezes.

Sempre brincalhão, frequentou bailes até mês passado, quando a saúde debilitada não lhe permitiu fazer o que mais amava na vida: bailar pelos salões ao lado de sua "lady".

Em sua homenagem reproduzimos abaixo a matéria sobre o casal publicada em outubro de 2008 na edição nº 12 do Jornal Falando de Dança:



Uma história de amor.

Dançarinos inseparáveis há quarenta anos, Gilberto e Lady são exemplo do que há de mais saudável na dança de salão.

Frequentadores assíduos de vários clubes, eles são detentores de uma dezena de troféus, o último como casal destaque 2007, quando participaram do concurso de dança para damas da terceira idade, promovido por Ênio Manso no América.

Lady Couto Rechinho tem 71 anos, é carioca e tem três filhos do primeiro casamento (era viúva). Gilberto Vianna Rechinho, 82 anos, também é carioca, com três filhos (era separado).  Ele foi moleque de dancings e cabarés, onde aprendeu a dançar (“naquele tempo não tinha tantos clubes, só o Democráticos, o Bola Preta, o Felianos, assim, os homens iam para os dancings, como o Dancing Brasil, o Avenida e o Novo México , no centro do Rio, e Bolero e o Alviar, em Copacabana”) e, quando se conheceram e se casaram, há 40 anos, ele manteve-se boêmio, frequentando as Gafieiras Elite e Estudantina.

Já Lady, que não sabia dançar, ficava em casa. “Uma noite, lá pelas duas da manhã, acordei decidida que meu lugar ao lado dele e que, se ele gostava de dançar, então eu iria aprender a dançar para ficar junto a ele. Levantei-me, vesti-me e peguei um taxi para a Gafieira Elite. Chegando lá, eu lhe disse doravamente eu seria sua parceira de dança. O que eu sei, foi ele que me ensinou”, contou-nos Lady, durante entrevista que ambos cederam ao Jornal Falando de Dança, em seu restaurante no campus do Instituto de Neurologia, na Urca, já prestes a completar quatro décadas de existência.

Bem, à vontade (“damos sempre entrevistas a jornais e revistas e fizeram até uma reportagem conosco para a TV Bandeirante”), eles contam que nunca frequentaram academias de dança (“fica todo mundo dançando igual, parecem uns robôs” comenta Gilberto), e que tem mesa cativa em quase todos os grandes clubes.  

Mas já faz mais de dez anos que vão todas as sextas-feiras para o baile do Rio Sampa, na Rodovia Presidente Dutra, altura de Nova Iguaçu, de cujos proprietários, Natália e Lauro, se tornaram grandes amigos, a ponto de serem os “garotos propaganda” do anúncio do Rio Sampa veiculados neste informativo.

“Para nós é um dos melhores bailes do Rio de Janeiro, todo mundo se conhece, nunca presenciei brigas, os administradores são muito carinhosos com os frequentadores e isso para o idoso é muito importante”, comenta Lady. “Em Julho, fizemos lá nosso aniversário, e a casa ofereceu mesa de frios e champagne. 

No corte do bolo, eram mais de duas mil pessoas cantando parabéns, foi emocionante”, conta-nos Gilberto.

Hora do almoço, hora de encerrar a entrevista, pois o movimento começou a aumentar. Sempre bem humorado Gilberto termina a conversa comentando sobre a frequência local. “O nome do restaurante é Caldeirão, mas penso em rebatiza-lo de Aeroporto, porque aqui aterrissa cada avião...”.

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