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Para a grande maioria da população, o mundo da dança de salão continua sendo coisa do passado, inexiste nos dias de hoje. Uma visão equivocada que apuramos ao cobrir o projeto Novas Gafieiras, no Centro Cultural do Banco do Brasil

"Pela primeira vez, o Centro Cultural Banco do Brasil apresenta em seu foyer uma série musical dançante nas noites de sexta-feira, com entrada franca. O projeto Novas Gafieiras se propõe a resgatar o ambiente noturno do Rio de Janeiro do início do século XX, quando grandes músicos animavam bailes e, assim, escreviam seus nomes na história. No palco, as melhores orquestras do nosso tempo convidando instrumentistas e cantores também consagrados. A festa começa em 22 de outubro, às 18h, com a Orquestra Criôla e o saxofonista Leo Gandelman. Juntos, farão uma homenagem ao mestre Paulo Moura (1932-2010), um dos expoentes das gafieiras de outrora. Clarinetista e saxofonista, Moura estava no projeto original da série.


Em cartaz até 17 de dezembro, Novas Gafieiras quer fazer o público riscar o salão em nove apresentações. “O projeto reúne clássicos do cancioneiro popular, a rica e inesgotável influência dos mestres da música e a variedade de gêneros, resultando num encontro ao vivo entre gerações. É a herança musical das grandes orquestras, reunida numa fusão de estilos e tendências com criatividade”, diz o empresário da Velha Guarda da Portela e diretor artístico do Bola Preta, Paulo Figueiredo, que divide a curadoria com a produtora cultural Leila Dantas. “Antigamente, a gafieira era como a missa de domingo: todo mundo vestia a melhor roupa e mantinha muito respeito pelos parceiros de dança. O interessante será levar os bailes populares para a elegância do CCBB”, avalia a moça."
(fonte: http://novasgafieiras.blogspot.com/)

Pois é, após ler esse release no site do projeto, o clipe abaixo e a chamada na Vejinha, fui conferir o sétimo baile do projeto, dia 03/12/10, que teve como cantores convidados Paulinho Moska e Mariana Baltar, à frente da Pequena Orquestra de Mafuás.



De fato, a proposta é muito boa.  E cativou a comissão de seleção de projetos do Centro Cultural Banco do Brasil, como nos contou a curadora Leila Dantas, em entrevista concedida ao Jornal Falano de Dança após o evento. 

Segundo Leila, produtora musical, a ideia veio de conversas com seu parceiro no projeto, Paulo Figueiredo, diretor artístico do Cordão da Bola Preta, quando este lhe contou sobre as famosas "Domingueiras" do Circo Voador. 

Apesar de ex-metaleira naquele tempo, Leila se interessou em apresentar a proposta, numa versão mais sofisticada, para ser apresentada no teatro do CCBB.  "Para minha surpresa, eles propuseram executar o projeto no foyer do Centro Cultural", explica Leila, que só teve de acrescentar um linóleo para preservar o piso histórico.  "Recém removido, o que adoramos", comentou Juliana Torezanni, que forma par com Valdeci Clemente na abertura dos bailes.  Ambos são professores da Escola Carioca de Dança e foram contratados para quebrar o "gelo" inicial, se apresentando e, depois, abrindo a pista de dança, convidando o público para "riscar o chão".

Ao fazer a cobertura do evento (veja nosso photoalbum AQUI) pudemos identificar aqui e ali um ou outro dançarino de salão curtindo a programação gratuita.  A maioria, porém, era composta de curiosos, visitantes do Centro Cultural e trabalhadores do centro curtindo o último expediente da semana.  Em assim sendo, estes nem ligaram para o fato de as músicas executadas serem mais para "curtir" a interpretação de cantores e músicos, do que, propriamente, para dançar dança de salão. 

Aliás, curtir o centro do Rio Antigo, sorvendo uma cervejinha ao ar livre, em frente a diversos sobrados recém restaurados tem sido uma crescente tendência de cariocas e turistas.  Sem dúvida a melhor maneira de se preservar nosso patrimônio histórico e estimular o carioca a conhecê-lo.  Pelo que pudemos constatar ao visitar o entorno do CCBB, muitos desses sobrados abrigam bares no terréo e programação dançante variada nos sobrados.

Agora, só falta unir os dois "universos paralelos", pois, para o público em geral, o ambiente das gafieiras, com casais dançando de par, ao som de música ao vivo, é coisa "do século passado", como foi mencionado no primeiro parágrafo.  "O que falta mesmo é espaço pra dançar, as pessoas se encontram e acabam dançando...", declara Paulo Figueiredo no vídeo postado acima.  Ou seja, não basta oferecer locais pra dançar de domingo a domingo, mais de três por dia, como se constata no link "roteiro de bailes" desta página.  É preciso que os bailes sejam feitos em locais públicos, pra pessoas "tropeçarem" na programação, "se encontrarem ao acaso" e "acabarem dançando".  Então, tá.

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