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Entrevista com Luís Florião, candidato a mais um cargo eletivo como representante da dança de salão


Luís Florião em palestra no Centro Coreográfico da Cidade do RJ, no II Congresso Internacional de Zouk e Lambada do RJ, promovido por Renata Peçanha: cerca de cem pessoas lotaram o Teatro Angel Vianna para ouví-lo.

Convocado a se candidatar a mais um cargo eletivo para trabalhar em prol da dança de salão, desta vez na Pré-Conferência Setorial de Cultura, o professor e pesquisador Luís Florião explica aos leitores do Jornal Falando de Dança a importância da mobilização política dos amantes da dança para que sejam obtidos resultados mais expressivos para esse segmento.

Jornal Falando de Dança:
Você é presidente da Andanças - Associação Nacional da Dança de Salão, da diretoria no Fórum Nacional de Dança; membro do Fórum Carioca, foi conselheiro do Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro e, ainda, é delegado suplente do Conselho Municipal de Cultura pela cidade do Rio de Janeiro. Como isso aconteceu? Uma coisa foi puxando a outra... falta de candidaturas.... ?

Luís Florião:
Uma mistura de coisas:
  • sou um apaixonado pela dança, em especial pelas sociais;
  • editamos o Jornal Dança Arte e Ação durante dez anos para que os políticos e representantes de outras modalidades soubessem que na dança de salão há muita gente com trabalho de qualidade;
  • consegui, e ainda, de quebra, acabei cobrindo, as reuniões políticas da classe e percebendo como é importante trabalhar em conjunto;
  • e também realizamos muitos eventos para unir a classe como as 4 edições do Br Danças - Congresso Internacional de Danças Brasileiras, o Curso de Extensão em Dança de Salão e a Semana de Divulgação da Dança de Salão.

Todo esse envolvimento garantiu o respeito dos mais importantes profissionais da dança de salão e de muitos de outras modalidades, abrindo espaço para a instalação da Andanças.

Por outro lado, nesse momento, especial para a dança de salão, temos poucas pessoas que reúnam as condições de se candidatar e muitos dos que reúnem, estão presos à rede do dia-a-dia que nos impede de alçar vôos mais altos.

Venho fazendo a minha parte, mas essa luta, na verdade, é de todos nós amantes da dança, a ausência, nesse momento, é como um voto contra a nossa arte.

Acreditem, é possível. Como exemplo cito que quando ministrei as primeiras palestras sobre a história da dança, as salas ficavam vazias, ninguém se interessava. Segui fazendo a minha parte e, recentemente, tive a grata satisfação de ter mais de cem pessoas me assistindo, pela primeira vez.

Há um dito popular que diz que uma andorinha só não faz verão, quer dizer que o verão ainda não chegou quando chega a primeira andorinha. Para mim, no entanto, só quer dizer que as outras e o verão estão chegando. Segundo Vitor Hugo: "Existe uma força maior que a de todos os exércitos. É a força de uma idéia cujo tempo tenha chegado..." . Quem sabe já é chegada a hora também da nossa politização.

Jornal Falando de Dança: -
Por que você acha importante a mobilização dos dançarinos de salão para a obtenção de representatividade política? Em que isso poderia ajudar esse segmento?

Luiz Florião:

Somos uma das mais antigas manifestações culturais do Brasil e provavelmente a com maior número de praticantes, gerando emprego e renda, sem que nenhuma instância governamental nos dê a devida atenção e respeito. Só quando estivermos dentro dos fóruns culturais e com uma grande bancada em todas as câmaras teremos poder, projetos, divulgação e muito mais controle sobre nossas vidas.

Jornal Falando de Dança: - Que propostas poderiam ser trabalhadas para alavancar a popularização da dança de salão? Quais as que poderiam ajudar os profissionais da dança de salão, os gestores e donos de academias direcionados a esse segmento?

Luiz Florião:

Quero estar mais perto da tomada de decisões, estar lá, mesmo que seja apenas para lembrar que a dança de salão existe - em cada reunião ter uma voz cobrando paridade, apoiando os projetos que envolvam a dança. A dança crescerá, mesmo sem apoio, mas não é justo, é hora de reconhecerem a importância das danças sociais. Isso fará toda diferença: patrocínios, projetos, leis... - uma nova fase de realizações, profissionalização e conquistas.

Jornal Falando de Dança: - Isso é possível somente com representante em fóruns e conferências ou teríamos que ter maior representatividade no legislativo?

Luiz Florião:

O ideal mesmo é atuarmos em ambas as frentes. Precisamos de pessoas querendo se eleger com a dança de salão como bandeira e mais colegas que se disponibilizem para entrar em todos os fóruns de discussão, lutando pelas danças de par.

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