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2009, o ano em que a classe da dança se politizou

Pois é, lá se vai mais um ano em que, para não fugir à regra, tivemos crises financeiras, escândalos políticos, discussões sobre combate à crescente violência, queda de aviões, arrastões, balas perdidas e até o retorno dos “apagões”.

Algumas pessoas queridas no meio também nos deixaram este ano, como Maria Antonietta e, mais recentemente, o velho promoter Enio Manso.

Mas também tivemos o que comemorar, como a indicação do Rio para sedir os Jogos Olímpicos de 2016.

Já no nosso microcosmo da dança, podemos afirmar que 2009 foi o ano em que a dança se politizou, especialmente a dança de salão, que se juntou às outras modalidades irmãs em Foros de Dança, Conferências Municipais de Cultura, Reuniões Setoriais de Dança, Audiências Públicas e de grupos mais enganjados, como o “Consciência Coletiva”.

Foram tantas as reuniões que, para os iniciantes no assunto, ficou difícil acompanhar o desenvolvimento dos assuntos nas várias esferas do poder (vide nossa Mensagem ao Leitor da edição de novembro, em que procuramos passar a limpo os últimos acontecimentos).

Da nossa parte, como mídia especializada, nos unimos aos colegas do setor para juntos participarmos de coletivas de imprensa e reuniões, que resultaram na publicação de uma Carta Aberta Aos Poderes Públicos (assinada pelos representantes do Jornal da Dança, Jornal Capital Cultural, Jornal Falando de Dança, Jornal Notícias da Dança, Jornal Oxigênio, Jornal Por do Sol, Jornal Rio Zona Norte) pleiteando a distribuição democrática das notícias sobre decisões e atividades ligadas à cultura (teor completo da Carta aqui).

Também nos orgulhamos da nossa articulação política mobilizando a classe e contribuindo para a eleição de dois representantes da dança (um delegado e um suplente, este, da dança de salão) para participar da Conferência Estadual de Cultura, onde se discutirá as políticas públicas dirigidas ao setor.

A mobilização poderia ser maior, é verdade. Mas, para uma categoria que começa a conhecer o “caminho das pedras”para fazer valer os seus direitos, foi uma conquista e tanto.

Nesse aspecto (fazer valer seus direitos), no que diz respeito à dança de salão, houve, neste ano, uma incomum mobilização de um grupo, capitaneado pela APDS-RJ (Associação dos Profissionais e Dançarinos de Salão do Rio de Janeiro) - e com o apoio inconteste deste informativo - , que conseguiu chamar a atenção do poder público para a existência da Lei 3440 de 2000, que criou a Semana da Dança de Salão, estipulando que a Secretaria da Cultura e a Secretaria de Ação Social e Esporte e Lazer deveriam se encarregar de criar programas relativos ao evento (o que até agora não acontece).

A articulação política de uns poucos abnegados já surtiu efeito, com a convocação de Audiência Pública, dia 01/12, com o Presidente da Comissão de Cultura da Assembléia Legislativa do Estado do RJ, Alessandro Molon, que comprometeu-se a abraçar a causa (veja os resultados da Audiência aqui).

E para a próxima semana, a classe da dança já está sendo convocada a participar da II Conferência Estadual de Cultura do RJ (veja convocação aqui).

É hora, neste finalzinho de ano, de deixarmos as atividades sociais da dança de salão e pensarmos grande, comparecendo à Conferência e mostrando nosso interesse e mobilização, dando força aos delegados que lutam em prol da recursos e outras decisões em prol da dança, e, no caso da dança de salão, em prol da inclusão da Semana da Dança de Salão no calendário cultural da cidade.

Aos profissionais de dança e promotores de eventos, que necessitam de uma renovação constante de público em suas atividades para que possam crescer, chamamos a atenção para o fato de que só com a divulgação a nível de massa, levando a dança de salão para junto da população, é que se alcançará esse objetivo. A inclusão da Semana da Dança de Salão no Calendário Cultural da Cidade Maravilhosa sem dúvida será um grande passo. Juntem-se a nós nessa empreitada! Ano que vem promete.

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