Os freqüentadores dos bailes cariocas cruzam com ele todas as noites e dele recebem flyers dos eventos de Geraldo Lima, dentre outros que divulga pelos salões. Desconhecem, porém, que estão diante de famoso produtor cultural, detentor de vários prêmios nessa função.
Estamos falando de Waldomiro J. de Oliveira, 75 anos, que trabalhou em grandes gravadoras nas décadas de 60 e 70, como Continental, Copacabana Discos e Tape-kar (“fui também programador musical de programas de rádio e escrevi para as revistas Roteiro Afro-brasileiro e Roteiro Rio de Janeiro”), e se aposentou como fiscal do Ecad em 1998 (“mas continuei trabalhando com produção musical até recentemente, de forma independente”).
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Como “caça-talentos”, levou às gravadoras e ao sucesso nomes hoje inscritos no cancioneiro da MPB (“produzi 14 LPs de Carnaval e vários compactos simples de época – era comum na época se lançar compactos para Umbanda, São Jorge, São João”). Em seu curriculum consta a criação do nome “Fundo de Quintal” para batizar o grupo que mais tarde estouraria nas paradas de sucesso. Em 1971 produziu dois LPs com músicas de sucesso de Carnaval com Maestro Sodré e a cantora Elisete Cardoso, com participação do Cordão da Bola Preta e de todo o cast da gravadora Copacabana (“Foi a primeira gravação de Carnaval ao vivo e o trabalho foi muito premiado”). Em 1974, produziu, para um concurso da Secretaria de Turismo, a música Gavião (“um, dois, três, fica assim de gavião, o meu barraco fica assim de gavião”), gravada por seu autor, Marinho da Muda (“foi a música mais tocada nas rádios naquele ano e, pelas estatísticas do Ecad, a mais tocada nos bailes de Carnaval do Rio, que tinha 2.600 bailes carnavalescos na época que pagavam taxas de direitos autorais - o Marinho ganhou uma pequena fortuna com essa composição”). Foi também responsável pela produção musical do sucesso “Saco Cheio” (“se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão..”) e de “Minha Rainha”, com Wilson de Assis (“eu já derramei um rio de lágrimas...”).
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Paralelamente às atividades nas gravadoras e no Ecad, Waldomiro ainda encontrou tempo para trabalhar na coordenação do Carnaval, pela RioTur (“durante 14 anos trabalhei na equipe de Xangô da Mangueira, até 1984”), produzir shows (“o espetáculo ‘Samba no pé do morro’ ficou seis meses em cartaz na boate Roda Viva, na Urca, e nos anos sessenta produzi shows no Teatro Opinião”).
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Na longa entrevista ao Jornal Falando de Dança, Waldomiro lembra dois momentos especiais em sua carreira. Um deles foi em 1974, quando produziu para a Tape- Kar o sucesso “Salve a Mocidade”, do compositor Luis Reis, na voz de Elza Soares, e primeiro prêmio do Festival de Carnaval da Globo, naquele ano. Outro momento foi quando foi homenageado por Chacrinha, das mãos de quem recebeu o troféu Buzina de Ouro, como melhor produtor musical de 1970.
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Mas, afinal, qual é a função de um produtor musical? A melhor forma de explicar essa função é transcrever aqui o relato de Waldomiro sobre a produção da música que o levou à obtenção do prêmio do Chacrinha, a composição “Só o homem é que pode te ajudar”. Vejam a seguir.
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Parece que foi ontem
“No mês de junho do ano de 1970,
o compositor Avarese, da Escola
de Samba Império Serrano, cantou para mim um ponto de macumba cujo título me impressionou: ‘Só o Homem é que pode te ajudar’. Música e letra do chefe de terreiro de umbanda Edental Rodrigues.
Na época, eu era responsável pelo repertório de música popular da editora Vitale, proprietária da gravadora Copacabana Discos. Fui conferir in locum o futuro sucesso. Daí para o estúdio Haras, da Musidisc (Lapa) foi um pulo.
Procurei um intérprete capaz de dar o recado, como um preto velho, como a música pedia, e achei o baixo cantante do conjunto Filhos de Ébano, Noriel Vilela, que também gostou da música, dando-lhe um arranjo especial com seu violão de sete cordas.
Para acompanhá-lo, convidei um conjunto emergente de jovens, que tocava para dançar, Os Jets, do hoje famoso trombonista internacional e cantor Zeca do Trombone.
Gravação pronta, disco compacto simples, entreguei na Rádio e o sucesso da execução veio em três dias, tomando conta da programação das rádios em todo o país.
O trabalho obteve o prêmio de melhor música, melhor cantor e melhor produtor (eu) do ano de 1970, no programa da extinta tv Excelsior, canal 2, que ficava no bairro de Ipanema: a Discoteca do Chacrinha, cujo apresentador me agraciou com o prêmio Buzina de Ouro.
Isso foi em 1970, mas parece que foi ontem”.
Por Waldomiro J. de Oliveira.
Estamos falando de Waldomiro J. de Oliveira, 75 anos, que trabalhou em grandes gravadoras nas décadas de 60 e 70, como Continental, Copacabana Discos e Tape-kar (“fui também programador musical de programas de rádio e escrevi para as revistas Roteiro Afro-brasileiro e Roteiro Rio de Janeiro”), e se aposentou como fiscal do Ecad em 1998 (“mas continuei trabalhando com produção musical até recentemente, de forma independente”).
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Como “caça-talentos”, levou às gravadoras e ao sucesso nomes hoje inscritos no cancioneiro da MPB (“produzi 14 LPs de Carnaval e vários compactos simples de época – era comum na época se lançar compactos para Umbanda, São Jorge, São João”). Em seu curriculum consta a criação do nome “Fundo de Quintal” para batizar o grupo que mais tarde estouraria nas paradas de sucesso. Em 1971 produziu dois LPs com músicas de sucesso de Carnaval com Maestro Sodré e a cantora Elisete Cardoso, com participação do Cordão da Bola Preta e de todo o cast da gravadora Copacabana (“Foi a primeira gravação de Carnaval ao vivo e o trabalho foi muito premiado”). Em 1974, produziu, para um concurso da Secretaria de Turismo, a música Gavião (“um, dois, três, fica assim de gavião, o meu barraco fica assim de gavião”), gravada por seu autor, Marinho da Muda (“foi a música mais tocada nas rádios naquele ano e, pelas estatísticas do Ecad, a mais tocada nos bailes de Carnaval do Rio, que tinha 2.600 bailes carnavalescos na época que pagavam taxas de direitos autorais - o Marinho ganhou uma pequena fortuna com essa composição”). Foi também responsável pela produção musical do sucesso “Saco Cheio” (“se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão..”) e de “Minha Rainha”, com Wilson de Assis (“eu já derramei um rio de lágrimas...”).
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Paralelamente às atividades nas gravadoras e no Ecad, Waldomiro ainda encontrou tempo para trabalhar na coordenação do Carnaval, pela RioTur (“durante 14 anos trabalhei na equipe de Xangô da Mangueira, até 1984”), produzir shows (“o espetáculo ‘Samba no pé do morro’ ficou seis meses em cartaz na boate Roda Viva, na Urca, e nos anos sessenta produzi shows no Teatro Opinião”).
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Na longa entrevista ao Jornal Falando de Dança, Waldomiro lembra dois momentos especiais em sua carreira. Um deles foi em 1974, quando produziu para a Tape- Kar o sucesso “Salve a Mocidade”, do compositor Luis Reis, na voz de Elza Soares, e primeiro prêmio do Festival de Carnaval da Globo, naquele ano. Outro momento foi quando foi homenageado por Chacrinha, das mãos de quem recebeu o troféu Buzina de Ouro, como melhor produtor musical de 1970.
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Mas, afinal, qual é a função de um produtor musical? A melhor forma de explicar essa função é transcrever aqui o relato de Waldomiro sobre a produção da música que o levou à obtenção do prêmio do Chacrinha, a composição “Só o homem é que pode te ajudar”. Vejam a seguir.
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Parece que foi ontem
“No mês de junho do ano de 1970,
o compositor Avarese, da Escola
de Samba Império Serrano, cantou para mim um ponto de macumba cujo título me impressionou: ‘Só o Homem é que pode te ajudar’. Música e letra do chefe de terreiro de umbanda Edental Rodrigues.
Na época, eu era responsável pelo repertório de música popular da editora Vitale, proprietária da gravadora Copacabana Discos. Fui conferir in locum o futuro sucesso. Daí para o estúdio Haras, da Musidisc (Lapa) foi um pulo.
Procurei um intérprete capaz de dar o recado, como um preto velho, como a música pedia, e achei o baixo cantante do conjunto Filhos de Ébano, Noriel Vilela, que também gostou da música, dando-lhe um arranjo especial com seu violão de sete cordas.
Para acompanhá-lo, convidei um conjunto emergente de jovens, que tocava para dançar, Os Jets, do hoje famoso trombonista internacional e cantor Zeca do Trombone.
Gravação pronta, disco compacto simples, entreguei na Rádio e o sucesso da execução veio em três dias, tomando conta da programação das rádios em todo o país.
O trabalho obteve o prêmio de melhor música, melhor cantor e melhor produtor (eu) do ano de 1970, no programa da extinta tv Excelsior, canal 2, que ficava no bairro de Ipanema: a Discoteca do Chacrinha, cujo apresentador me agraciou com o prêmio Buzina de Ouro.
Isso foi em 1970, mas parece que foi ontem”.
Por Waldomiro J. de Oliveira.
- Legenda da foto 1: Waldomiro, como funcionário da Copacabana Discos, nos estúdios da Rádio Nacional em 1971. Da esquerda para a direita, vemos o compositor Zuzuca (autor de "Pega no Ganzê"), a locutora Anita Taranto (locutora da "Voz do Brasil"), o compositor e radialista João Roberto Kelly (autor de "Cabeleira do Zezé", dentre outras), Waldomiro e Zequinha Reis, relações públicas da Copacabana Discos. (foto de acervo pessoal)
- Legenda da foto 2: Waldomiro exibindo o troféu Buzina de Ouro, de melhor produtor musical, concedido pelo programa Buzina do Chacrinha. (foto de Leonor Costa)
- Clique nas fotos para ampliá-las.
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