Pular para o conteúdo principal

Entrevista: Jaime Arôxa

Após comemorar 27 anos de dança, ele fala, em entrevista ao Jornal Falando de Dança, sobre sua carreira e seus planos futuros, como a coreografia de um show a ser encenado em Las Vegas e seu recém criado curso de formação de professores, cujas fotos ilustram este post.



Nos anos 80 ele chegou ao Rio em busca de novos horizontes e logo tornou-se assíduo frequentador das noites cariocas (“já dançava em Recife mas foi no Rio que conheci a dança de salão, tendo como professora Maria Antonietta”). O dançarino tornou-se professor, coreógrafo e empresário, criador de uma metodologia de ensino que revolucionou a dança de salão e formou professores que disseminaram essa metodologia por todo o país e até no exterior.
A seguir, alguns trechos da entrevista ao Jornal Falando de Dança, cuja íntegra pode ser lida AQUI.



Jaime à frente da turma de formação de professores: a maioria vinda de outros estados brasileiros

Um pouco de história
Os cobras na minha época eram, dentre outros, Waldir Matos, Russo, Trajano, Yedda Cardoso, Maria Antonietta, Esquerdinha (não cheguei a ver Mário Jorge nas pistas). Os bailes mais badalados eram os do Asa Branca, do Sírio, do Internacional (no Aterro do Flamengo), da AABB e os do Bonsucesso. E os bailes organizados por Anibal e Elza, o Casal 20, como eram conhecidos, que foram os maiores promotores de bailes da época. As bandas mais famosas eram Os Devaneios, Copa 7 e Aeroporto e havia as orquestras comandadas pelos maestros Carioca e Cipó. O ritmo mais popular era o samba de gafieira.



Sobre o que introduziu de novo na dança de salão
Antes as pessoas que queriam aprender academicamente tinham aulas particulares com professores de dança. A inovação foi desenvolver uma metodologia de ensino que permitisse a um só professor ensinar para um número maior de alunos simultaneamente, com formação de pares entre eles, e não aluno(a) com professor(a). Outra inovação foi a introdução da figura do bolsista, para permitir a matrícula de damas que não dispunham de parceiros de dança. Também passei a estimular a expressão dos sentimentos através da dança, a consciência corporal, a musicalidade, dentre outros itens.



A propósito do curso que está dando para formação de professores
Ele é um curso focado na prática. Na verdade, dou cursos para professores há dez anos mas este é o primeiro de teor mais amplo, com duração de um ano. Além das aulas de dança, há palestras, laboratório, aulas de psicologia, de inglês, de português, oratória, liderança, administração. Não é oficial mas o mercado reconhece o valor de quem faz meus cursos de especialização. Este curso começou em agosto com 50 alunos, pouquíssimos do Rio, infelizmente. A grande maioria veio de outros estados para se aperfeiçoar. Muitos deixaram suas próprias academias de dança com administradores, para vir aqui fazer o curso. Esperamos com o tempo ter o reconhecimento do MEC e o credenciamento para fornecer diplomas.



Sobre o que mudou na dança nesses 27 anos
Muita coisa mudou. Eu influenciei durante muito tempo, depois me concentrei na minha área de atuação, me desgarrei da moda. Eu sigo a minha pista, meu baile não é igual e nem quero que seja igual aos outros bailes (...). Eu prefiro estar isolado mas feliz do que enfrentar esse horror aí fora. Eu acho que a violência está grande, as pessoas não se entendem. Eu não quero pertencer a esse mundo, eu quero fugir dele.



Sobre a dança de salão competitiva
Eu acho que a competição aperfeiçoa as intrigas, a concorrência e as rivalidades. O que estimula a pessoa a aperfeiçoar sua técnica é o desejo de vencer seus próprios limites e não vencer o outro. Porque se eu quiser superar alguém, algum dia eu vou ser superado e isso será uma frustração para mim. A idade chega e você não vai ser campeão a vida inteira. Qual o futuro do campeão de salsa do ano passado? Ser o ex-campeão de salsa deste ano. Ou tentar tornar-se campeão novamente. Sua vida será tão curta como a vida de uma misse (...). Agora, no caso de uma Olimpíada, é diferente. Numa Olimpíada você fica exposto à uma platéia de 24 bilhões de pessoas, é uma competição de altíssimo nível, com regras seculares. Só em estar lá já é um grande status e extrapola essas competições bairristas. Porque eu te digo: um dos grandes problemas da dança são as competições. A dança de salão fracassou nos grandes países onde há competições. Na Europa, a dança enquanto baile, social, ritualística, fracassou porque os professores levaram para as salas de aulas os critérios da dança competitiva, fabricando um monte de robozinhos e afugentando as pessoas de idade ou aquelas que não tinham interesse em competir.



Sobre seu retorno ao antigo endereço na Rua São Clemente, em Botafogo
A intenção é manter no nº 41 a parte de aulas, hoje com mais de mil alunos. No nº 155, mais espaçoso, ficará a administração e a sede da cia de dança, além da utilização das amplas salas para ensaios, cursos específicos e shows, como o que vamos montar para Las Vegas.



Sobre o ritmo preferido dos jovens
Sem dúvida, zouk, salsa e forró. Mas meu público alvo não são os jovens mas a pessoa em geral, dos 14 aos 70 anos, eu não estimulo essa diferenciação, essa segregação. O que há aqui é uma integração, a idéia que somos todos iguais, apenas nascemos em momentos diferentes. Cada um contribui de uma forma, os jovens com sua energia, os mais velhos com sua experiência.

  • Os alunos do curso de formação de professores têm um cronograma de bailes abertos ao público em geral no qual treinam administração, sonorização, relações públicas, etc. Veja a programação destes e de outros bailes da academia no banner publicado na página do jornal, http://www.jornalfalandodedanca.com.br/
  • Fotos tiradas na aula do curso de formação de professores do dia 05/08, hospedadas AQUI.

    Estes vieram de Belém do Pará.

    Ele veio do interior de São Paulo.

Comentários

Anônimo disse…
Concordo quando o Jaime fala que a dança competitiva cria inimizades, intrigas por que onde moro a dança de salão está começando a fluir e dou aula para uma instituição social e um turno e outro professor em turno oposto e trabalho com a metodologia de dança de salão social para unir as pessoas relaxalas depois de um longo dia de trabalho mas percebo que o outro professor compete causando aborrecimentos entre a minha turma e a dele, e olha que são todos iniciantes.

Postagens mais visitadas deste blog

Personagens da nossa história: Mário Jorge, o Rei dos Salões

Mário Jorge, o Rei dos Salões Ele foi um dos maiores dançarinos – se não o maior – de nossos salões. Isto dito por inúmeras testemunhas que o viram criar nas pistas movimentos hoje incorporados definitivamente aos ritmos dançados a dois. Um trágico acidente o retirou das pistas e ele virou lenda. Décadas mais tarde, ao ser homenageado em um evento, eis que ele encontra a mulher da sua vida, que o ajudaria em sua reabilitação e o colocaria novamente sob as luzes dos holofotes. Estamos falando de MÁRIO JORGE MESSIAS MATOS, o “rei dos salões”, como era chamado nos anos sessenta, que recentemente oficializou sua união com D. Íris Neira, queridíssima administradora da Academia Carlos Bolacha. Foi o casamento mais comentado dos últimos tempos (foto abaixo). “Nem provei do buffet, pois não paravam de nos fotografar”, comentou Íris. . Empenhada em pesquisar e divulgar a história do marido (“muitas fotos se perderam e, dos filmes, só consegui recuperar dois, que precisam ser restaurados”), Íris

Um pouco de história

Madame Poças Leitão Por Carla Salvagni* Louise Frida Reynold Poças Leitão é o nome completo de Madame Poças Leitão, que chegou em São Paulo em 1914, deixando Lousanne, na Suiça. Logo percebeu que os jovens das famílias mais abastadas necessitavam urgentemente de noções básicas de etiqueta. Fundou então a aristocrática “Escola de Dança de Salão e Boas Maneiras”**, em São Paulo. A dança de salão estava incluída no conhecimento básico de etiqueta, era indispensável na vida social requintada. Madame Poças Leitão representou a primeira (senão única) e mais importante escola de dança de salão nas classes altas, em contraste com inúmeros professores que atuavam principalmente na periferia de São Paulo e Rio de Janeiro, vários associados às casas de prostituição e/ou bailes populares (mas isso já é outra história, que oportunamente trataremos). Assim, graças a essa divisão por classe econômica e nível social do início do século, até hoje define-se duas linhas básicas de trabalho e duas his

Roteiro das Bandas: Conjunto Aeroporto

CONJUNTO AEROPORTO (Inf. 2280-2356/9994-5580 Sr José ) clique aqui para ver a coleção do Falando de Dança, de vídeos do conjunto Aeroporto AGENDA: veja no link "Roteiro das bandas e dj's patrocinadores" ****************************************************************