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Dia Nacional do Samba


IPHAN declara o samba do Rio como patrimônio nacional


A idéia de se estabelecer um dia para homenagear o samba surgiu no encerramento do I Congresso Nacional, realizado entre os dias 28 de novembro e 2 de dezembro de 1962, onde se consagrou o Dia do Samba.


Fora isso, a data de 02 de dezembro de 2007 comemorou não só o dia do samba, mas os 90 anos de ‘Pelo Telefone’ e o reconhecimento do Samba do Rio como Patrimônio do Brasil, reconhecimento esse feito pelo IPHAN, que registrou o samba carioca e suas matrizes (samba de terreiro, partido alto e samba enredo) no Livro de Registro das Formas de Expressão do Instituto. Sem dúvida o reconhecimento aos artistas e a todos aqueles que ao longo de muitos anos fizeram do samba a maior expressão da cultura popular brasileira.

Para registrar a data, o Falando de Dança traz a seguir um texto escrito pela professora Carla Salvagni, a respeito das origens do samba.

Ao contrário do que muitos pensam, o samba não é um ritmo vindo da África, nem de origem indígena, como já foi publicado em periódicos de dança de salão. Ele é legitimamente brasileiro, com grande influência da cultura negra e indígena, mas também com características de músicas européias da época. Mais do que um ritmo, o samba tornou-se a própria identidade musical brasileira.
Sua história é controvertida, os registros são precários, mas sabe-se que, a partir de 1870, por influência e mistura do lundu, polca, habanera, tango (brasileiro), maxixe (reprimido e excomungado pelos padrões burgueses da época), ritmos percussivos de origem africana como o batuque, começaram a aparecer músicas já muito próximas do que hoje conhecemos por samba. Apesar
das discussões se este seria realmente um samba, “Pelo Telefone” (de Donga e Mauro de Almeida) é considerado oficialmente o primeiro samba gravado no Brasil, em 1917.
Quanto ao nome, alguns acreditam que o termo “samba” era usado pelos escravos para designar uma dança. Outros afirmam que o termo vem de “semba”, termo africano que significa “umbigada”, gesto típico das danças do batuque. Há ainda outras correntes, outras versões.
A pesquisadora Marília Trindade Barbosa da Silva acredita que por trás de toda escola de samba existe um terreiro de macumba. Nesses terreiros eram cultivados e desenvolvidos os alicerces do samba. Uma das casas mais famosas era da baiana Tia Ciata, no Rio de Janeiro. Lá se reuniam Sinhô, Donga, Pixinguinha, João da Baiana, Heitor dos Prazeres e muitos outros nomes de destaque. Tia Ciata é um mito da cultura popular brasileira: uniu o sagrado e o profano, reuniu brancos e negros, mesclou cantos e danças com o prazer e com a fé. Sua casa foi um dos principais focos de resistência da cultura negra e de sua propagação.
Na segunda metade dos anos vinte, o samba toma impulso com o rádio e estimula a criação das escolas de samba. Em quase oito décadas de existência oficial, o samba evoluiu e se ramificou para várias formas, onde estão incluídas o partido alto, o samba de morro, o samba de breque, pagode, samba-rock, samba de gafieira e muitos outros.
Para se aprofundar no assunto, procure os seguintes autores: Marília T. Barbosa da Silva, Ary Vasconcellos, Lygia Santos, Luiz Carlos Mansur, Sérgio Cabral, Eneida Moraes, Marcelo Moraes, José Ramos Tinhorão e Tárik de Souza.
Quanto ao samba internacional, ele mais fiel ao nosso samba que a vã sabedoria poderia supor. Mas isso é outra história...

Por Carla Salvagni

  • Carla Salvagni é proprietária de escola especializada em dança de salão, em São Paulo, e presidente da Confederação Brasileira de Dança Espotiva.
  • Para saber mais sobre Carla Salvagni, acesse seu site, www.carlasalvagni. com.br
  • Veja também nesta página mais postagens com matérias de Carla Salvagni e de suas atividades (clique em seu nome no índice das postagens).
  • Fotos: acervo IPHAN

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