
A grande maioria dos dançarinos de hoje certamente desconhece que o sobrado histórico da Rua do Teatro 37 (esquina com Praça Tiradentes), onde funciona a casa de shows do Centro Cultural Carioca (não confundir com a dos bailes de dança de salão, que fica na Sete de Setembro), abrigou um dia um famoso "dancing" - o Dancing Eldorado, nas décadas de 40 e 50.
Para quem não sabe, naquela época praticava-se dança de salão em pelo menos quatro ambientes diferentes, no que diz respeito ao nível social e às intenções, digamos assim.
Havia os clubes sociais, onde as famílias compareciam para verem e serem vistas, introduzindo no âmbito social seus membros mais jovens (uma forma, aliás, de futuros pretendentes se conhecerem).

Havia as gafieiras, frequentadas majoritariamente por casais e grupos de amigos(as) que lá compareciam para dançar, pelo prazer da música e, também, para, quem sabe, encontrar sua "cara metade". "Naquela época não se conseguia distinguir, pela aparência, a classe social das pessoas, tamanho era o capricho na apresentação.
Empregadas domésticas pediam às patroas roupas emprestadas para irem às gafieiras. Os homens não entravam se não estivessem de terno e gravata. E muitos casamentos aconteciam a partir desses encontros", declarou-me em entrevista o espanhol Isidro, dono da Estudantina Musical (mas esse material estou guardando para outra postagem).
Havia também os cabarés, que tinham salão de dança, mas onde se explorava a prostituição.

Havia também os cabarés, que tinham salão de dança, mas onde se explorava a prostituição.
E, finalmente, havia os dancings, que poderíamos (mal) comparar aos bailes de fichas de hoje em dia. Naquela época, como as mulheres não saíam tanto desacompanhadas, a escassez era o contrário do que é hoje. Ou seja, havia mais homens que mulheres, meninas!!! Assim, os cavalheiros que queriam simplesmente dançar, descompromissadamente, iam a esses locais onde encontravam show com música ao vivo e dançarinas contratadas pela casa para dançarem com os clientes.



fotos (do site do CCC, http://www.centroculturalcarioca.com.br/):
1-Fachada do prédio no início do séc. XX. Em 1908 o prédio abrigou a Maison Rouge, loja especializada em moda feminina que tinha como atração os primeiros manequins de cêra vindos da Europa e que causavam sensação no povo daquela época. Uma das vitrines ainda existe no local.
2-Fachada atual do prédio.
3-Interior.
4-Momento do espetáculo, com Isnard Manso e Vivi Soares em primeiro plano.
5-Momento do espetáculo.
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