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Vila Operária se deteriora enquanto aguarda reforma



Sucessivas administrações municipais fizeram projetos de restauração que nunca saíram do papel. 

Em 2002, a prefeitura chegou a anunciar, no Diário Oficial, a licitação das obras de restauração dos prédios, tombados pelo município desde 1985. Hoje, dos dez blocos de edifícios de dois andares, a maioria tem varandas de madeira que ameaçam despencar em cima de pedestres. Há partes destelhadas e tijolos aparentes, entre outros problemas estruturais. Infiltrações, rachaduras e pichações também estão por toda parte.

Maria Naves Gomes, de 80 anos, mora no local desde que nasceu. Ex-presidente da Associação de Moradores da Vila Operária, luta pela preservação:

É uma reforma cara, que os moradores não têm condições de fazer. A prefeitura deveria levar adiante o projeto de restauração e, depois, cobrar a manutenção dos moradores.
Sempre anunciam, mas nada fazem. Na época em que eu vivia aqui com meus pais, um fiscal da prefeitura, o seu Jaime, não deixava nem que uma vassoura ficasse do lado de fora das casas.

Medo de desabamento

O prédio aparentemente em pior estado fica na esquina das ruas Salvador de Sá e Presidente Barroso. Pedro de Carvalho, dono de um imóvel vizinho, conta que já procurou a prefeitura diversas vezes para tentar evitar o desmoronamento de uma parede:

Não falta muito para essa parede desabar. É um risco para quem mora ao lado e para quem passa na rua. Há sete anos venho alertando para o problema.

A Vila Operária foi construída na gestão de Pereira Passos, então prefeito do Distrito Federal, para abrigar a população removida de antigos cortiços demolidos para a construção da Avenida Central, atual Rio Branco. O conjunto é formado por sobrados geminados, com moradias de um ou dois quartos.

O arquiteto Carlos Fernando Andrade, ex-superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Rio, explica que a vila faz parte da história da cidade:

Antes já havia vilas operárias para os funcionários das fábricas de tecido. A do Estácio marca o período em que a administração pública começa a olhar para a habitação popular. Há um antagonismo complicado entre a preservação do bem e dos moradores. Visivelmente, eles não têm condições financeiras de fazer a reforma e a manutenção. 

Além disso, não têm interesse, porque não contam com a escritura dos imóveis, que são da prefeitura. A solução seria a restauração por parte do governo municipal, mediante um empréstimo ou um aluguel social que pudesse auxiliar a manutenção tanto dos moradores quanto da moradia.

Em 2000, o então prefeito Luiz Paulo Conde prometeu a restauração da Vila Operária. Em 2011, o secretário municipal de Habitação, Jorge Bittar, chegou a dizer que ia reformar a vila. Ficariam no local os moradores que tivessem condições de manter os imóveis. Às famílias que não tivessem renda suficiente, seriam oferecidas outras habitações populares. Ontem, a Secretaria de Habitação informou que há um projeto de restauração da vila em fase de elaboração, mas não determinou prazo para que ele seja colocado em prática.

Fonte: Globo.com

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