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Dança Senior

Um jeito divertido de se exercitar e fazer amizades

Lançada na década de 70, na Alemanha, a dança sênior rapidamente se popularizou entre a população idosa dos países europeus e agora está em franca expansão no Brasil, sobretudo nos estados do sul e sudeste. Com o crescente aumento do número de brasileiros de meia e terceira idade, e de seu poder aquisitivo, essa modalidade de dança, divertida e fácil de aprender, pode vir a ser mais uma oção na grade de cursos oferecidos por nossos profissionais de dança.

A história
Tudo começou na década de 70, na Alemanha, quando a pedagoga social Ilsen Tutt, em visita ao ancianato onde se encontrava a sogra, foi por esta questionada: "você sempre dança com a geração nova, por que não dança com os idosos?".
A questão levantada levou Ilsen a trocar idéias com um grupo de pedagogos sociais sobre a atividade com idosos em ancianatos e a desenvolver a idéia de se criar uma modalidade de dança que considerasse suas limitações motoras e mentais. Era criada, então, a Dança Sênior, que rapidamente se disseminou entre a população da "maior idade" dos países europeus.

No Brasil
Para o Brasil, ela foi trazida pela arquiteta alemã Christel Weber, que fixou residência em Nova Friburgo (região serrana do RJ) e ministrou os primeiros cursos preparatórios de multiplicadores (profissionais aptos a ministrar aulas). Postariormente levado para as regiões sul e sudeste, sob forte influência de colonizadores do norte da Europa, o movimento creceu com vigor e, em 1993, foi criada a Associação de Dança Sênior, sob presidência da Diácona Regina Krauser, da Instituição Bethesda (Ancianato), de Pirabeiraba, Santa Catarina, que, inclusive, patentou a marca Dança Sênior e credencia os profissionais habilitados para ministrar sua metodologia de ensino. A Associação de Dança Sênior tem por objetivo habilitar dirigentes capacitados para ministrar aulas dessa atividade e formar multiplicadores. Possui atualmente 99 dirigentes habilitados, dos quais 23 ministram cursos pelo país. Ressalte-se, no entanto, que existem outras metodologias não ligadas à associação, cujas danças são comumente denominadas "danças circulares". "A dança sênior se baseia em danças folclóricas européias enquanto que nas danças circulares há uma maior adaptação para as danças brasileiras", esclarece a arte-terapeuta Ana Maria de Jesus.

Benefícios para o corpo e a mente
Segundo a professora Hosania Nascimento, coordenadora do Projeto Dança Livre, os movimentos são simples, elegantes e exigem a troca constante de par, incentivando a integração dos alunos. "E apesar de ter sido desenvolvida pensando nas limitações dos idosos, temos em nossos cursos pessoas de todas as idade, inclusive jovens, pois é uma dança bastante divertida", ressalta Hosania. "Qualquer um pode praticar e os benefícios são vários, como a melhora de mobilidade, respiração e memorização", completa o terapeuta Márcio Goiabeira Souza, que ministra cursos de dança sênior na Obra Social, ONG mantida em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro. "Há inclusive uma modalide especialmente desenvolvida para pessoas com dificuldade de se locomover, em que se dança sentado", explica Hosania. "O aprendizado das coreografias trabalha a atenção, concentração, percepção, lateralidade, ritmo, memória recente, orientação espacial, estimulando diversas habilidades psicomotoras e cognitivas", acrescenta a professora Elizabeth Lospenato Bastos, vice-coordenadora nacional da Dança Sênior.

Veja como se dança
Em outubro do ano passado, colhendo material para uma matéria sobre dança senior publicada na ed. 77 do Dance News, eu acompanhei algumas aulas do prof. Márcio Goiabeira na Casa Dercy Gonçalves, em Copacabana. Lá gravei um video clipe que se segue, para nossos leitores terem idéia de como é "dançar sentado". Note como a coreografia estimula os praticantes a reforçar a capacidade de memorização e coordenação motora. E pode ser feita após uma aula normal de dança em roda, como forma de relaxamento e finalização da terapia.

Agora assistam a seguir as demonstrações de dança senior gravadas durante as aulas na Mansão das Águas, em Jacarepaguá. Com passos inspirados em danças folclóricas, de rancho e até de samba, as coreografias são de fácil assimilação, promovem a integração entre os participantes devido à troca constante de par, e estimulam o raciocínio através da resposta aos comandos. Convidado pela professora Hosânia, que aparece nos vídeos dando os comandos dos passos, Aragão participou das gravações e pôde constatar a facilidade de aprendizado.






E aqui uma filmagem que 'pesquei' no YouTube, de um ensaio no Sesc de Curitiba.


Concluindo
Se você está a fim de se exercitar mas não quer encarar uma academia de ginástica; se gosta de música e dança mas não quer ficar preso(a) à dependência de par, numa dança a dois; se você tentou mas não conseguiu acompanhar as aulas de dança de salão porque achou as coreografias complexas ou não acertou na condução; se você quer encontrar um jeito de se divertir e conhecer outras pessoas; ou, pragmaticamente falando, se você é um profissional de dança atrás de novos horizontes... Procure se informar sobre a dança senior. Você irá se encantar como eu.

Onde aprender:

  • A Obra Social da Cidade do Rio de Janeiro possui cursos de dança sênior e outras atividades dirigidas à terceira idade (condição requerida). Inf. pelos tels. 2288-3330 (Casa Bibi Franklin Leal, na Tijuca), 3113-1574 (Casa Dercy Gonçalves, em Copacabana), 3111-1113 (Casa Nana Sette Câmara, em São Conrado), 2527-5106 (Casa Lota de Macedo, em Botafogo).
  • O Projeto Dança Livre, coordenado pela professora Hosania Nascimento, oferece cursos de dança sênior e dançaterapia na Mansão das Águas, na Praça Seca, em Jacarepaguá, aceitando alunos de todas as idades. Inf. 9796-7325 / 3087-1491.
  • Ana Maria de Jesus, arte-terapeuta, ministra aulas de danças circulares. Inf. 2236-6699 / 9368-0928.
  • O Projeto Revitalizar é um conjunto de atividades integradas, elaborado especialmente para miores de 50 anos. São encontros semanais, sempre às sextas pela manhã, próximo ao Largo do Machado. Inf. com Sandra, pelos tels. 2265-0129 / 9961-5505.

fontes de pesquisa:

http://www.espacovidams.com.br/

http://www.portalbethesda.org.br/

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