Pular para o conteúdo principal

Fala Aragão: leia o texto da coluna da ed. 80 do JFD, "Eu só sei que nada sei"

Recentemente recebemos em nosso perfil no facebook mensagem "in box" (essa eu aprendi recentemente, é uma mensagem privada, de um perfil para outro perfil) de uma pessoa perguntando se indicaríamos um livro (isso mesmo, no singular) para sua monografia sobre dança de salão.

Ao ser consultado, pensei em pedir para nosso administrador do perfil (sim, nem sempre somos nós que escrevemos lá) para atender ao pedido. Mas, alto lá, pensando melhor, fiz algumas perguntas a mim mesmo. Se a pessoa é estudante, não deveria perguntar por bibiliografia e não por "um livro"? Se a pessoa veio ao nosso perfil, não deveria ter se interessado em acessar nosso site, onde temos várias postagens sobre a história da dança de salão? Ou se interessar em folhear on line as edições em PDF do Jornal Falando de Dança, onde publicamos vários artigos nossos e de articulistas colaboradores, sobre a história da dança de salão, inclusive com a edição especial 46, sobre os 200 anos da dança de salão no Brasil?

Mesmos desanimados com a falta de iniciativa da pessoa, lhe solicitamos que formalizasse o pedido, para o endereço eletrônico do jornal. Resposta: estava no momento sem computador e estava fazendo a pesquisa pelo smart phone mesmo! Claro que desisti de prestar a informação e a pessoa também não se interessou em voltar a fazer contato.

Tenho esperança de que essa não seja a regra entre os graduandos de cursos superiores, mas chego à conclusão, por casos semelhantes já ocorridos, que essa também não é uma exceção. Isso é preocupante, porque um pesquisador não deve se ater ao primeiro livro que encontrar. Assim como na internet, deve cruzar informações, pois muitos textos contêm incorreções ou mesmo informações desatualizadas. O anúncio de Luís Lacombe na Gazeta do Rio de Janeiro, de 1811, por exemplo, só despertou nossa atenção quando o prof. Luís Florião fez menção a ele em audiência pública em 2009 com o então deputado estadual (hoje federal) Alessandro Molon, que usou cópia da publicação (pesquisada por mim na Biblioteca Nacional) para embasar seu projeto de Lei que declarou a dança de salão carioca patrimônio cultural do estado do Rio de Janeiro (Lei 5828/2010, para quem interessar possa). Portanto, foi um fato novo que não se encontra registrado em livros sobre dança de salão anteriores a 2009. E nada impede que futuramente um pesquisador encontre algum registro anterior a 1811 que venha tirar de Lacombe o posto de primeiro professor oficial de dança de salão do país. Na área de história, vale o que disse o filósofo grego Socrates, há mais de 2 mil anos: "eu só sei que nada sei".
_______________________

Antônio Aragão é diretor do Jornal Falando de Dança

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Campeões do IX Baila Duo – Concurso de duplas de dança de salão

Daniel Lessa e Letícia Bernardes, de São Paulo, Gutto Heinzen e Thaís Vieira, de Florianópolis, respectivamente nas categorias profissional e amador, venceram o IX Baila Duo – Concurso de Duplas de Dança de Salão. O campeonato realizado no dia 21/4 no centro de convenções do Majestic Palace Hotel integrou a programação da XIII Mostra de Dança de Salão – Baila Floripa, que reuniu desde sexta-feira (18/4) cerca de quatro mil pessoas de diversas regiões do Brasil para uma agenda de workshops, espetáculos e bailes. A disputa coordenada por João Biasotto e Marlon Marian foi dividida em duas etapas, começando pelas eliminatórias de manhã com oito casais em cada categoria. Os concorrentes de Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e Volta Redonda (RJ) foram avaliados pelos professores Juliana Magalhães e Léo Fortes, do Rio de Janeiro; Brenda Carvalho e Jota Junior, de São Paulo; e Jall Martins, de Curitiba. Daniel Lessa e Letícia Bernardes, de São Paulo, 1...

Pole Dance: saiba um pouco sobre as origens da dança e conheça a professora de dança de salão que treinou o elenco global

A professora Alexandra Valença e suas alunas no Projac Como tudo o que aparece nas novelas, o Pole Dance, apresentado ao público na novela Duas Caras, ganhou destaque na mídia e despertou o interesse de leigos e profissionais para essa forma sensual de dançar.  Nesta matéria, saiba um pouco sobre as origens da dança e conheça a professora de dança de salão que treinou o elenco global. Dançar em volta de instrumentos verticais já era uma prática em culturas milenares da Ásia.  O nome Mallakhamb, por exemplo, designa uma modalidade de ioga praticada num varão de madeira ou numa corda. Já o Mallastambha consistia no uso de um varão de ferro por lutadores, para aumentar a força muscular.  De fato, os movimentos em torno da vara trabalha o condicionamento físico, fortalecendo, sobretudo a musculatura de braços, abdome e pernas. Como a conhecemos no ocidente, a dança na vara, ou Pole Dance, surgiu na Inglaterra, passou para a Europa e foi para os Estado...

Personagens da nossa história: Mário Jorge, o Rei dos Salões

Mário Jorge, o Rei dos Salões Ele foi um dos maiores dançarinos – se não o maior – de nossos salões. Isto dito por inúmeras testemunhas que o viram criar nas pistas movimentos hoje incorporados definitivamente aos ritmos dançados a dois. Um trágico acidente o retirou das pistas e ele virou lenda. Décadas mais tarde, ao ser homenageado em um evento, eis que ele encontra a mulher da sua vida, que o ajudaria em sua reabilitação e o colocaria novamente sob as luzes dos holofotes. Estamos falando de MÁRIO JORGE MESSIAS MATOS, o “rei dos salões”, como era chamado nos anos sessenta, que recentemente oficializou sua união com D. Íris Neira, queridíssima administradora da Academia Carlos Bolacha. Foi o casamento mais comentado dos últimos tempos (foto abaixo). “Nem provei do buffet, pois não paravam de nos fotografar”, comentou Íris. . Empenhada em pesquisar e divulgar a história do marido (“muitas fotos se perderam e, dos filmes, só consegui recuperar dois, que precisam ser restaurados”), Íris...