Uma Semana da Dança de Salão em todo o Estado do Rio, ou ao menos em sua capital, a exemplo do que acontece na Semana da Cultura Latina, em São Paulo, é o sonho do presidente da Associação dos Profissionais e Dançarinos de Salão do Estado do Rio de Janeiro (APDS-RJ).
Há anos Jaime José coordena eventos de abertura e encerramento da SDS e chancela propostas de eventos a serem realizados durante a última semana plena de novembro, conforme a lei estadual que criou a efeméride. Desde 2009, a APDS conta com o apoio do Jornal Falando de Dança cujos diretores integraram o grupo de trabalho que elaborou uma proposta de regulamentação da lei, grupo esse formado pelo então deputado estadual Alessandro Molon.
A efeméride, porém, ainda não foi abraçada por aqueles que seriam mais diretamente beneficiados por ela: os profissionais da dança. Com isso, até o fechamento desta edição, só tínhamos recebido a confirmação do evento de abertura (no Centro Coreográfico do RJ, no domingo dia 23/11) e de encerramento (projeto Interdanças do Museu do Histórico do Exército e Forte de Copacabana, sábado, dia 29/11), ambos sob coordenação de Jaime José, sendo a mostra coreográfica do Interdanças do dia 29 organizada por David Theodor.
Noto a cada ano um crescente desinteresse dos profissionais por essa data, inédita em outros estados brasileiros e que valoriza o fato de o Rio ter sido a porta de entrada da cultura da dança a dois. Muitos, se perguntados, de certo sequer lembrarão que um dia, em 2009, houve até uma audiência pública a respeito, na Alerj.
Muitas tentativas foram feitas para unir a classe em torno dessa efeméride, mas falta-nos força de vontade para que a Semana da Dança de Salão vingue. Falta-nos vontade política para fazer acontecer.
Que os profissionais da dança não queiram vincular à Semana seus eventos realizados em novembro, é opção a ser respeitada, embora lamentável. Mas não aproveitar a cerimônia de abertura no Centro Coreográfico para ao menos se encontrar com seus colegas de profissão para um bate-papo impossível de acontecer nos bailes da vida, é dar as costas para uma oportunidade de demonstrar que dinheiro não é tudo. Afinal, se estamos falando de cultura, é de se supor que estejamos preparados para doar algo em prol da arte que abraçamos e que nos sustenta. Do contrário, seremos mais um segmento comercial, para o qual não há que se pleitear verbas da cultura.
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Antônio Aragão é diretor do Jornal Falando de Dança
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