Pular para o conteúdo principal

Leia aqui o texto de Antônio Aragão, publicado na edição 78 do JFD

Como todo artista, o dançarino declara aos quatro ventos que vive da e para a dança. E como a maioria dos artistas pensa no momento e esquece o amanhã. Pior, quando nem se trata de pensar na velhice, mas nos infortúnios a que todos nós estamos sujeitos. 

Não é de hoje que vejo promoverem bailes beneficentes em prol de algum dançarino com problemas de saúde ou dificuldades financeiras. Sei de um que há bem pouco tempo faleceu e deixou um filho pequeno e a mulher gráfida. E nessa hora descobrimos invariavelmente que a pessoa nunca se preocupou em contribuir para o INSS. Uns, por não acreditarem na instituição, outros porque acham que podem melhor empregar o valor da contribuição, outros, ainda, porque simplesmente são desorganizados para manter um compromisso fixo mensal. Está mais do que na hora dos dançarinos mudarem essa mentalidade e planejarem seu futuro. Contribuir para a seguridade social não é somente pensar numa aposentadoria, até porque não se pode depender exclusivamente desse rendimento. Mas existem outras vantagens que nenhum plano de previdência privada proporciona. Isso porque, além da aposentadoria por idade ou por tempo de contribuição, o INSS concede a aposentadoria por invalidez (trabalhadores contribuintes que por motivo de doença, ou acidente, sejam considerados incapacitados de trabalhar) e dá direto aos auxílios doença (caso venham a adoecer e fiquem impossibilitados de trabalhar, o benefício será pago enquanto permanecer a doença); acidente (acidente de trabalho que os impossibilitem de exercer as suas funções de trabalho); maternidade (inclusive no caso de adoção de filhos); e até o auxílio reclusão. Além disso, seus dependentes (cônjuge, filhos e/ou pais dependentes na forma da lei) não ficam de todo desamparados, pois terão direito à pensão por morte. Caso haja dificuldade de pagar 20% sobre o salário-contribuição, o trabalhador autônomo pode optar pelo benefício da Lei complementar 123/2006, abrindo mão da aposentadoria por tempo de contribuição em troca da redução da alíquota para 11% apenas (nesse caso, a aposentadoria só poderá ser adquirida com a idade de 65 anos, no caso dos homens, ou de 60 anos, no caso das mulheres). Pode parecer pouco, mas na hora do aperto é que se nota o quanto a seguridade social faz falta. Fica a dica.
Leia on line a edição 78 do Jornal Falando de Dança, clicando AQUI
_______________________________________

Em tempo: aproveitando o gancho do tema INSS, deixo aqui registradas informações sobre o auxílio reclusão, posto que ocasionalmente recebo spams sobre o assunto, com conteúdo equivocado. O auxílio-reclusão foi instituído pela lei n° 8.213, de 24 de junho de 1991. O valor total do benefício não pode ultrapassar o teto pré-estabelecido pela previdência (R$ 971,78, em 2013 ), sendo calculado não pelo número de filhos, mas através da média aritmética de 80% dos maiores valores de contribuição do requerente a partir de julho de 1994. O resultado alcançado é então dividido e pago separadamente a cada um dos dependentes do preso que, obrigatoriamente, tenha contribuído com a previdência social nos 12 meses anteriores. Dados do INSS de abril de 2010 apontam que o valor médio recebido por família é de R$ 580,00 por mês.
___________________

Antônio Aragão é diretor do Jornal Falando de Dança

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Um pouco de história

Madame Poças Leitão Por Carla Salvagni* Louise Frida Reynold Poças Leitão é o nome completo de Madame Poças Leitão, que chegou em São Paulo em 1914, deixando Lousanne, na Suiça. Logo percebeu que os jovens das famílias mais abastadas necessitavam urgentemente de noções básicas de etiqueta. Fundou então a aristocrática “Escola de Dança de Salão e Boas Maneiras”**, em São Paulo. A dança de salão estava incluída no conhecimento básico de etiqueta, era indispensável na vida social requintada. Madame Poças Leitão representou a primeira (senão única) e mais importante escola de dança de salão nas classes altas, em contraste com inúmeros professores que atuavam principalmente na periferia de São Paulo e Rio de Janeiro, vários associados às casas de prostituição e/ou bailes populares (mas isso já é outra história, que oportunamente trataremos). Assim, graças a essa divisão por classe econômica e nível social do início do século, até hoje define-se duas linhas básicas de trabalho e duas his...

Pole Dance: saiba um pouco sobre as origens da dança e conheça a professora de dança de salão que treinou o elenco global

A professora Alexandra Valença e suas alunas no Projac Como tudo o que aparece nas novelas, o Pole Dance, apresentado ao público na novela Duas Caras, ganhou destaque na mídia e despertou o interesse de leigos e profissionais para essa forma sensual de dançar.  Nesta matéria, saiba um pouco sobre as origens da dança e conheça a professora de dança de salão que treinou o elenco global. Dançar em volta de instrumentos verticais já era uma prática em culturas milenares da Ásia.  O nome Mallakhamb, por exemplo, designa uma modalidade de ioga praticada num varão de madeira ou numa corda. Já o Mallastambha consistia no uso de um varão de ferro por lutadores, para aumentar a força muscular.  De fato, os movimentos em torno da vara trabalha o condicionamento físico, fortalecendo, sobretudo a musculatura de braços, abdome e pernas. Como a conhecemos no ocidente, a dança na vara, ou Pole Dance, surgiu na Inglaterra, passou para a Europa e foi para os Estado...

Personagens da nossa história: Mário Jorge, o Rei dos Salões

Mário Jorge, o Rei dos Salões Ele foi um dos maiores dançarinos – se não o maior – de nossos salões. Isto dito por inúmeras testemunhas que o viram criar nas pistas movimentos hoje incorporados definitivamente aos ritmos dançados a dois. Um trágico acidente o retirou das pistas e ele virou lenda. Décadas mais tarde, ao ser homenageado em um evento, eis que ele encontra a mulher da sua vida, que o ajudaria em sua reabilitação e o colocaria novamente sob as luzes dos holofotes. Estamos falando de MÁRIO JORGE MESSIAS MATOS, o “rei dos salões”, como era chamado nos anos sessenta, que recentemente oficializou sua união com D. Íris Neira, queridíssima administradora da Academia Carlos Bolacha. Foi o casamento mais comentado dos últimos tempos (foto abaixo). “Nem provei do buffet, pois não paravam de nos fotografar”, comentou Íris. . Empenhada em pesquisar e divulgar a história do marido (“muitas fotos se perderam e, dos filmes, só consegui recuperar dois, que precisam ser restaurados”), Íris...