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Menos passos, mais diálogo

"Vou viajar", "Estarei dando aulas", "É muito cedo", "É muito longe", "Bati com o carro", "Tem pessoas ali com quem não me dou", "Isso não vai dar em nada", "Sou artista, eu crio, não discuto nada", "Não acredito na política". Essas são algumas das justificativas que ouvimos quando se trata de reunir os profissionais da dança de salão para dialogar. A bem da verdade, esse tipo de reação não é exclusiva da classe. O ser humano gosta de reclamar, criticar as ações alheias, mas, quando é chamado a participar, colaborar ou apresentar soluções, se esquiva da tarefa com as mais diversas desculpas. Mas, como este é um veículo dirigido ao segmento da dança de salão, vamos ficar só nesta seara. E lamentar que não sejamos exceção à regra.

Nesse caso, é de se elogiar o número de profissionais que atenderam ao convite de Marcello Moragas, para se discutir sobre "bolero estilizado", assunto da matéria assinada por Marco Antonio Perna nesta edição. E de se lamentar a baixa adesão dos profissionais ao convite da APDS/RJ (Associação dos Profissionais e Dançarinos de Salão do RJ) para o forum promovido em Niterói sobre o Syllabus do bolero, marcando o início da Semana da Dança de Salão do Rio de Janeiro, efeméride criada pela Lei Estadual 3400/2000 e assunto desta coluna na edição do mês passado.

O encontro sobre o Syllabus do Bolero foi realizado no fechamento desta edição e será tema da coluna de Marco Antonio Perna na edição de janeiro. O evento, organizado por Marquinhos Copacabana e Érico Rodrigo, foi divulgado por emails circulares, por nota na edição passada deste jornal, e anunciado nas páginas eletrônicas da APDS, do Jornal Falando de Dança, do site Dance a Dois e de vários perfis no facebook, inclusive um criado para a efeméride (www.facebook.com/semanadadancadesalaoRJ). 

Foram mais de duas horas dedicadas ao tema, durante as quais tentou-se chegar ao consenso mínimo para identificação e nomeação de meia dúzia de movimentos básicos do bolero, nível iniciante. Por aí, e pelos comentários registrados durante os trabalhos, percebe-se o quanto seria profissionalmente enriquecedor se os professores, instrutores e estudiosos da dança de salão encontrassem um dia em comum nas suas agendas para se promover pelo menos mensalmente um encontro desse nível e do nível registrado no forum realizado na academia de Marcello Moragas. Sem estresse, sem competição, sem imposições, sem fins lucrativos. Apenas disposição de trocar conhecimentos, chegar a conceitos que só irão fortalecer a cultura da dança de salão e beneficiar a todos que pertencem a esse segmento.

Termino imaginando o quanto nós da imprensa, os pesquisadores, os amantes da dança de salão e a historiografia dessa cultura ganhariam com mais encontros como estes relatados aqui. E com outros que poderiam envolver pessoas da comunidade não necessariamente professores de dança. Pessoas como o finado divulgador Waldomiro de Oliveira, que esporadicamente assinava nossa coluna Ponto Musical, registrando suas memórias sobre clube, bandas e bailes de antigamente. Quantas pessoas que vivenciaram a fase áurea das gafieiras, dos dancings, dos grandes clubes já nos deixaram sem ter a oportunidade de passar adiante sua vivência, seu conhecimento. Temos que nos preocupar menos com "passos" e mais com o diálogo e com a transmissão do saber.
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Leonor Costa é editora do JFD

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