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João de Quintino: promoter do Baile da Amizade faleceu dia 20/08/2010


A dança de salão carioca perdeu mais uma figura de sua história: João Baptista Tolentino, o João de Quintino.

João era natural de Itaperuna, onde nasceu em 20/08/1938, vindo para o Rio de Janeiro, morar em Quintino. Freqüentador dos salões, ele começou a dar aulas de dança com sua companheira Doracy, a Dora. Em 1980 criou o Baile da Amizade no Esporte Clube Engenho de Dentro, que acontecia todas as terças feiras, sendo o pioneiro na zona norte. Mais tarde, mudou o dia para segunda-feira, e passou a realizar os bailes no Grêmio Social de Quintino, daí o apelido que ganhou, João de Quintino. Tempos depois passou o baile para o Clube Marabu, em parceria com Edil Ribeiro, e em seguida para o Sport Club Mackenzie, no Méier, sempre às segundas-feiras. De temperamento forte, não ficou muito tempo no Mackenzie, e voltou para o Grêmio de Quintino, indo depois para o ASPOM, antes de voltar definitivamente para o Mackenzie e ali permanecer até 2009, quando sofreu um AVC. Embora com sequelas, continuou acompanhando os bailes do Mackenzie em cadeira de rodas, com a colaboração de sua companheira Dora, mas, em fins de 2009, transferiu-se para uma clínica em Itaperuna, sua cidade natal, lá falecendo no dia 20 de agosto de 2010, dia de seu aniversário. A missa de 30 dias será no salão nobre do Mackenzie, dia 20 de setembro, segunda-feira, às 18 horas.

O que falar sobre João Baptista de Quintino?
texto de Márcia Bittencourt e Leo Santiago

Conheci o Sr. João há alguns anos atrás aqui mesmo no clube ( já que sou cria deste local  desde que me encontrava na barriga de minha mãe ).
O tempo passou e fomos nos conhecendo mais a cada dia. A admiração era mútua e singela.
Conversávamos longas horas sem darmos conta do passar do tempo. Tamanha afeição me rendeu o título de "sua filha" ou será "loirinha"?
Seja qual for, eram as maneiras carinhosas as quais ele me chamava. Tomava conta de mim como um verdadeiro pai. Ficava de "olho" nos meus pretendentes. E alguns que não simpatizava não deixava nem entrar no seu baile  das segundas-feiras. Também brigávamos e discutíamos, tais como: pai e filha, pois ambos possuíamos temperamento forte e decidido. Mas era só eu chegar com uma sobremesa que o sorriso brotava em sua face, como quem dizia: "Já fui adoçado pelo seu afeto".
Com sua presença imponente na porta de entrada do salão, comandava o desempenho de seus bailes, com seus "olhos miúdos" ( quase fechados ) conseguia enxergar tudo em um baile de salão. Dos convidados que chegavam à banda que tocava e seus componentes, com seus ouvidos aguçados podia identificar o desafinar de qualquer instrumento, com sua língua afiada, desafiava bam-bam-bans dos salões, com seu andar vagaroso foi ao longe no que se refere aos bailes de dança de salão da terceira idade.
Ensinou muitos a dançar e encantou poucos com sua maneira de ser. Passou com seu baile da amizade por vários clubes, entre eles: Esporte Clube Engenho de Dentro, Grêmio Social de Quintino ( o que lhe rendeu o apelido ), e por fim veio definitivamente para o Mackenzie.
Foi o pioneiro com esses eventos na zona norte, mas, tinha uma outra paixão em seu coração chamada Imperatriz Leopoldinense. Fez parte da ala de compositores por alguns anos e entregava-se aos desfiles como um "Lord Folião".
Apesar da adoração pela dança de salão e seus bailes, não era visto dançando pelos salões ( por problemas cardíacos ). Porém, eu tive o privilégio de nos últimos anos de sua vida, ter dançando algumas vezes com ele. Mas os passos eram bem devagarinho, para ele não se cansar e comprometer sua saúde.
Foi um grande incentivador da carreira do cantor Léo Santiago, que por coincidência do destino também já fez parte da ala de compositores da Imperatriz Leopoldinense e já defendeu alguns sambas-enredo da mesma. Presenteou o Léo com o "Blaiser" o qual desfilou pela última vez em sua escola de samba de coração.
Foi também o responsável pela maior aproximação entre eu e o Léo. E Dizia: "Léo toma conta da minha loirinha, se não......"
Era um homem surpreendente em sua maneira de encarar a vida, certa vez em uma conversa disse ( aqui neste salão onde hoje todos vocês se fazem presente ) : "Quando eu morrer quero meu caixão no meio do salão vermelho e todos dançando em volta, tristeza jamais ! pois o baile tem que continuar".
Em 2009, um mês depois do meu aniversário, o qual me conduziu para receber uma homenagem, a doença se instalou em seu corpo ( um grave AVC ). O homem forte cedeu o seu lugar à um homem fragilizado, mas  sem se entregar.
Lutou bravamente durante, mais ou menos, um ano contra a enfermidade. Voltou á  Itaperuna, sua cidade natal, para tentar a recuperação em uma clínica, até que no dia de seu aniversário ( 20-08-10 ) fez sua passagem para um outro plano espiritual.
Léo fez uma linda homenagem á João de Quintino, no dia de sua missa, em que completava um mês de sua morte ( 20-09-10 ). Ele cantou aqui neste salão a música "Amigo" de Milton Nascimento. Já eu, sua filha de coração, quis contar nessas linhas um pouco da pessoa que foi "meu pai":

"ELE NÃO PASSOU POR ESTA VIDA EM VÃO"

Deixou seu legado de coisas á serem seguidas por quem o conhecia e admirava.
Nossa gratidão, saudades terna e eterna.


Márcia Bittencourt e Léo Santiago

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