O filme Hair, cujo clipe postei na matéria anterior, fez-me lembrar dos meus tempos de adolescência, na década de 70.
Nessa época eu nem tinha ouvido falar em dança de salão. Visto, já tinha visto, só que não sabia que era isso. Via nos filmes da sessão da tarde, quando a Globo reprisava filmes preto e branco com Fred Astaire, Genne Kelly e outros, acompanhados de suas glamourosas partners e seu vestidos maravilhosos. Mas nem todos da minha idade prestavam atenção nesses filmes. Principalmente os rapazes. "Quer ver como daqui a pouco, do nada, ele vai começar a dançar e sapatear!", impacientava-se meu irmão, que logo se retirava para o quarto para ouvir na pick-up (alguns amigos ainda tinham vitrola) os LP's (discos de vinil) dos Beatles, dos Rolling Stones, do Pink Floyd, do Santana, do Joe Coker, da Janis Joplin, da Carol King e do James Taylor, dentre outros. A música americana dominava as paradas de sucesso e "a jovem guarda" já era considerada "cafona" entre nós. O must dos descolados da época era comprar jeans surrados na Boutique Lixo. Sim, porque uma Levis genuína só no contrabando, em boutiques de Ipanema (carésimas) ou disputada a tapas pelas nossas mães lá na barraca das apreensões da Receita Federal, na Feira da Providência, que ainda era no entorno da Lagoa. E ainda tinha que deixar um tempão de molho para amaciar o tecido porque não era com essa textura macia de hoje em dia, não!
Bom mesmo era o rodízio das "festas de garagem" do fim de semana, entre os amigos. Na verdade, não era na garagem, como nos filmes americanos, era no play do prédio (se o síndico fosse bonzinho) ou no apartamento do colega da vez. A turma chegava, alguns com seus discos favoritos, e ajudava a enrolar os tapetes, afastar a mobília e improvisar uma pista de dança. Não precisava mesmo de muito espaço porque se dançava quase parado mesmo. Nem dois-pra-lá-dois-pra-cá a gente fazia. Dependendo da idade, era só um-pra-lá-um-pra-cá com os braços bem esticados... depois com eles flexionados, se chegando mais... depois só no abraço! Isso nas músicas lentas. No rock era afastado, pisando no lugar e balançando aleatoriamente os braços. Samba, só no pé, durante o Carnaval. Aí veio a época do pagode, do axé music e a coisa começou a mudar, inclusive nas paradas das rádios. Mas isso já é outra história.
Para quem tiver curiosidade em conhecer os sucessos de então (ou recordá-los), segue uma seleção das músicas que, ao que me lembro, mais tocavam em nossos “hi-fi”, temperados com cuba-livre (quando os pais não apareciam pra confiscar a garrafa de rum, deixando só a coca-cola).
James Taylor
Fire and Rain (esta aqui nem um-pra-lá-um-pra-cá a gente fazia, só balançava o corpo, he,he,he)
The Beatles
Let it be (nessa só ficava sentado quem não conseguia formar par)
Carole King
I feel the earth move(do álbum Tapestry, que eu escutava tanto, mas tanto, que uma vez a vizinha o pegou emprestado e deu sumiço nele - e naquele tempo esses álbuns eram importados, em pequenas quantidades, e não havia camelôs vendendo lançamentos a R$ 5,00 em qualquer esquina)
Santana
Oye Como Va (toca até hoje em show)
Rolling Stones (olha como ele era um gato!)
Angie
Alice Cooper
I never cry (as outras músicas eram mais para serem ouvidas e não dançadas e ele era muito esquisito – para as meninas, porque os rapazes se amarravam no visual pré heavy metal)
The Carpenters
Goodbye to Love (essa, as meninas gostavam mais que os rapazes, e tínhamos que insistir para ser tocada)
Janis Joplin
Move Over (em ocasiões especiais, tipo aniversários, tinha o mais velho da turma que alugava uma iluminação mais sofisticada, em que a luz negra ficava piscando em músicas como esta)
Ficaram muitas bandas de fora porque senão este post ficaria muito longo. Se alguém tiver outras músicas favoritas da época para registrar, deixe seu comentário aqui.
Nessa época eu nem tinha ouvido falar em dança de salão. Visto, já tinha visto, só que não sabia que era isso. Via nos filmes da sessão da tarde, quando a Globo reprisava filmes preto e branco com Fred Astaire, Genne Kelly e outros, acompanhados de suas glamourosas partners e seu vestidos maravilhosos. Mas nem todos da minha idade prestavam atenção nesses filmes. Principalmente os rapazes. "Quer ver como daqui a pouco, do nada, ele vai começar a dançar e sapatear!", impacientava-se meu irmão, que logo se retirava para o quarto para ouvir na pick-up (alguns amigos ainda tinham vitrola) os LP's (discos de vinil) dos Beatles, dos Rolling Stones, do Pink Floyd, do Santana, do Joe Coker, da Janis Joplin, da Carol King e do James Taylor, dentre outros. A música americana dominava as paradas de sucesso e "a jovem guarda" já era considerada "cafona" entre nós. O must dos descolados da época era comprar jeans surrados na Boutique Lixo. Sim, porque uma Levis genuína só no contrabando, em boutiques de Ipanema (carésimas) ou disputada a tapas pelas nossas mães lá na barraca das apreensões da Receita Federal, na Feira da Providência, que ainda era no entorno da Lagoa. E ainda tinha que deixar um tempão de molho para amaciar o tecido porque não era com essa textura macia de hoje em dia, não!
Bom mesmo era o rodízio das "festas de garagem" do fim de semana, entre os amigos. Na verdade, não era na garagem, como nos filmes americanos, era no play do prédio (se o síndico fosse bonzinho) ou no apartamento do colega da vez. A turma chegava, alguns com seus discos favoritos, e ajudava a enrolar os tapetes, afastar a mobília e improvisar uma pista de dança. Não precisava mesmo de muito espaço porque se dançava quase parado mesmo. Nem dois-pra-lá-dois-pra-cá a gente fazia. Dependendo da idade, era só um-pra-lá-um-pra-cá com os braços bem esticados... depois com eles flexionados, se chegando mais... depois só no abraço! Isso nas músicas lentas. No rock era afastado, pisando no lugar e balançando aleatoriamente os braços. Samba, só no pé, durante o Carnaval. Aí veio a época do pagode, do axé music e a coisa começou a mudar, inclusive nas paradas das rádios. Mas isso já é outra história.
Para quem tiver curiosidade em conhecer os sucessos de então (ou recordá-los), segue uma seleção das músicas que, ao que me lembro, mais tocavam em nossos “hi-fi”, temperados com cuba-livre (quando os pais não apareciam pra confiscar a garrafa de rum, deixando só a coca-cola).
James Taylor
Fire and Rain (esta aqui nem um-pra-lá-um-pra-cá a gente fazia, só balançava o corpo, he,he,he)
The Beatles
Let it be (nessa só ficava sentado quem não conseguia formar par)
Carole King
I feel the earth move(do álbum Tapestry, que eu escutava tanto, mas tanto, que uma vez a vizinha o pegou emprestado e deu sumiço nele - e naquele tempo esses álbuns eram importados, em pequenas quantidades, e não havia camelôs vendendo lançamentos a R$ 5,00 em qualquer esquina)
Santana
Oye Como Va (toca até hoje em show)
Rolling Stones (olha como ele era um gato!)
Angie
Alice Cooper
I never cry (as outras músicas eram mais para serem ouvidas e não dançadas e ele era muito esquisito – para as meninas, porque os rapazes se amarravam no visual pré heavy metal)
The Carpenters
Goodbye to Love (essa, as meninas gostavam mais que os rapazes, e tínhamos que insistir para ser tocada)
Janis Joplin
Move Over (em ocasiões especiais, tipo aniversários, tinha o mais velho da turma que alugava uma iluminação mais sofisticada, em que a luz negra ficava piscando em músicas como esta)
Ficaram muitas bandas de fora porque senão este post ficaria muito longo. Se alguém tiver outras músicas favoritas da época para registrar, deixe seu comentário aqui.
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